BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff anunciou, por meio de nota, nesta segunda-feira mais sete ministros do seu futuro governo e recompensou o PP, transferindo o atual ministro das Cidades, Gilberto Occhi, para a Integração Nacional, pasta que era cobiçada pelo PT e PMDB e comanda um grande orçamento.
Dilma já nomeou 24 dos seus 39 ministros para o segundo mandato e tem feito as negociações aos poucos com os aliados, levando em conta o tamanho das bancadas no Congresso e a grande fragmentação partidária na Câmara e no Senado no próximo ano.
Dos partidos que compuseram sua coligação oficialmente durante as eleições deste ano, apenas o PDT ainda não teve um ministro nomeado para o segundo mandato.
O presidente do partido, Carlos Lupi, disse à Reuters nesta segunda que o ministro do Trabalho, Manoel Dias, será mantido no cargo.
Além de Occhi, que assumirá no lugar de Francisco Teixeira, indicado pelo Pros, Dilma transferiu o atual ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini (PT), para a pasta das Comunicações, no lugar do também petista Paulo Bernardo. Para o lugar de Berzoini, Dilma nomeou o deputado federal Pepe Vargas (PT-RS), que terá a partir de janeiro a missão de cuidar das relações com o Congresso.
O diálogo com a base aliada foi um dos pontos críticos do primeiro mandato da presidente, que foi marcado por rebeliões do PMDB, o maior partido aliado no Congresso, e traições de segmentos de outras legendas aliadas em votações importantes. Mesmo com essas dificuldades, porém, Dilma colheu poucas derrotas na Câmara e no Senado, mas a relação com os aliados ficou bastante desgastada. Vargas terá que reconstruí-la.
O ex-senador Antonio Carlos Rodrigues, do PR, assumirá o Ministério dos Transportes no lugar de Paulo Sérgio Passos, do mesmo partido, mas que não conta com o apoio da cúpula da legenda, que o considera um bom técnico, mas muito mais vinculado à Dilma do que ao partido.
O atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, o petista Carlos Gabas, será promovido a ministro da pasta, substituindo o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).
E o atual ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto assumirá a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Gilberto Carvalho. Para o lugar de Rossetto, irá o deputado federal eleito Patrus Ananias (PT-MG), que foi ministro do Desenvolvimento Social no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo dentro do PT, Dilma tem enfrentado dificuldades para atender todas as correntes da legenda que tem se queixado de algumas nomeações, mas não deve criar polêmicas públicas com a presidente, segundo um petista ouvido pela Reuters.
LAVA JATO COMPLICA
Além das dificuldades político-partidárias para reformar seu ministério, Dilma tem que lidar ainda com os aguardados desdobramentos políticos da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema de corrupção na Petrobras.
As investigações apontam que haveria desvio de recursos de contratos superfaturados da estatal, que entre outros destinos teria sido usado para financiar partidos e políticos governistas.
A Polícia Federal e o Ministério Público estão colhendo provas baseados em depoimentos por delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, que são réus em ações penais na Justiça Federal por conta da Lava Jato.
Há expectativa que dezenas de politicos com mandato parlamentar sejam alvo da investigação, que terá seu desdobramento político apenas em 2015.
Dilma chegou a anunciar que conversaria com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para questionar sobre o envolvimento de possíveis futuros ministros. Janot, porém, se negou a passar informações para a presidente.
Como os nomes de políticos citados nas delações de Costa e Youssef, ambas já homologadas pelo ministro Teori Zavascki, do STF, não são públicos, Dilma teme o risco de nomear um ministro e, logo em seguida, vê-lo envolvido no escândalo.
(Por Jeferson Ribeiro)