Miguel F. Rovira.
Vientiane, 4 nov (EFE).- A crise financeira europeia dará o tom das conversas que 51 líderes da Ásia e Europa e seus representantes iniciarão a partir de amanhã, segunda-feira, em Vientiane, a capital do Laos, um país asiático pobre e com regime comunista.
A reunião de países europeus e asiáticos acontece quando o crescimento econômico da velha Europa desacelera e o da Ásia está ameaçado pela interdependência entre os dois blocos, apesar de que o continente, que tem China e Índia à frente, é considerado o maior gerador do crescimento da economia mundial.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu recentemente a previsão de crescimento econômico da Ásia para este ano e o próximo para 6,7% e 7,2%, respectivamente, dos 7,1% e 7,5% estimados a princípio.
A expectativa é de que os líderes europeus aproveitem o encontro para pedir a seus colegas asiáticos que elevem as medidas protecionistas que impedem um comércio mais fluído e assegurarão que o pior da crise econômica que afeta a Europa já passou.
Apesar do momento crítico, a União Europeia (UE) é o principal mercado das exportações asiáticas e a maior doadora de ajuda destinada ao desenvolvimento dos países asiáticos.
Em 2011, o comércio da União Europeia com os países asiáticos que fazem parte do fórum Ásia-Europa (Asem) subiu para 862 bilhões de euros (US$ 1,1 trilhão), dos quais 532 bilhões de euros (US$ 698 bilhões) corresponderam a importações europeias.
O comércio da União Europeia com a China disparou quando o gigante asiático ingressou, em 2001, na Organização Mundial do Comércio (OMC) e em 2011 alcançou um valor próximo aos 500 bilhões de euros, o que significa que diariamente o montante da troca comercial foi de cerca de 1,25 bilhão de euros.
Mas neste ano, com o resfriamento da economia global veio a desaceleração do crescimento das economias da China e de outros países da Ásia dependentes das exportações, que foram afetadas pela queda da demanda da União Europeia.
O encontro no Laos, cujo governo trabalhou vários anos para realizar um evento dessa magnitude e em parte com assistência e financiamento da União Europeia, acontece a poucos dias antes de a China renovar a cúpula do regime e enquanto se aproximam as eleições no Japão, na Coreia do Sul, além da fragilidade em governos asiáticos, que pode acarretar mudanças.
Além disso, o evento bienal ocorre quando os Estados Unidos aquecem sua política externa com a Ásia para reforçar relações com a região nos âmbitos econômico, comercial e militar.
Além de abordar a situação econômica global e as ameaças a ela, durante a conferência os líderes da Ásia e da Europa ou seus representantes, entre eles o ministro espanhol de Relações Exteriores e Cooperação, José García-Margallo, manterão reuniões bilaterais, que são o principal ativo do fórum de Asem.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, estão há vários dias na região para realizar reuniões com líderes do Vietnã, Mianmar (Mianmar), Camboja, Indonésia, Tailândia e Timor-Leste.
Os países asiáticos do fórum de Asem, fundado em 1997, são: Brunei, Mianmar, Camboja, Coreia do Sul, China, Filipinas, Índia, Indonésia, Japão, Laos, Malásia, Mongólia, Paquistão, Cingapura, Tailândia e Vietnã.
Durante a cúpula, da qual participam os 27 estados da União Europeia, além da Comissão Europeia e da Secretaria da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), comparecerão a Suíça, a Noruega e Bangladesh. EFE
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