SÃO PAULO (Reuters) - O nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste do país deverá fechar fevereiro em cerca de 19,4 por cento, segundo revisão nesta sexta-feira de projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que esperava na semana passada que o nível dessas represas fechasse em cerca de 20,1 por cento de armazenamento.
A região Sudeste concentra 70 por cento dos reservatórios das hidrelétricas do país e é a principal consumidora de energia. As chuvas nessa área têm ficado muito abaixo da média desde o início do período úmido, em outubro/novembro do ano passado, e não há certeza de que melhorará até o fim da época que deveria ser chuvosa, que vai até abril.
Houve redução de 1 ponto percentual na expectativa do ONS para as chuvas que deverão chegar às represas do Sudeste em fevereiro para geração de energia, em relação ao que havia sido previsto no fim de janeiro. As afluências deverão ser de 51 por cento da média histórica para o período, sem indicar reversão do cenário de seca que atinge essa e outras regiões na época em que os reservatórios deveriam encher.
Atualmente, o nível das represas do Sudeste está a 16,58 por cento, bem inferior ao registrado antes do racionamento de 2001, quando estavam acima dos 30 por cento.
Já o consumo de carga de energia elétrica no sistema nacional deve cair em 2,2 por cento em fevereiro, na comparação com mesmo mês de 2014, queda maior que a esperada inicialmente, em -0,7 por cento.
O governo federal já admitiu que estuda medidas de eficiência energética com o objetivo de reduzir o consumo de energia. O baixo nível das represas do país leva diversas regiões a fazerem racionamento de água e, no setor elétrico, especialistas dizem que o incentivo à redução ao consumo já deveria ter iniciado e que as probabilidades de haver necessidade de racionamento neste ano já ultrapassam 50 por cento.[nL1N0V91OR][nL1N0VC29V]
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) elevou nesta semana o risco de haver déficit de energia no Sudeste neste ano a um nível acima do considerado tolerável no sistema, a 6,1 por cento, considerando todas as térmicas em funcionamento. [nL1N0VE2DT]
Diante do cenário desfavorável o Custo Marginal de Operação (CMO) do sistema elétrico, que é o custo para produção de cada unidade adicional de energia, subiu a 2.158,57 reais por megawatt-hora (MWh) no Sudeste/Centro-Oeste e Sul, para a próxima semana, ante 1.916,92 reais, na semana em vigor.
(Por Anna Flávia Rochas)