Juro da dívida bate recorde e deficit nominal supera R$ 1 trilhão
Por Alessandro Parodi e Elizabeth Pineau
PARIS (Reuters) - Os socialistas franceses ameaçaram derrubar o governo se suas condições orçamentárias não forem atendidas, dizendo na sexta-feira que apresentariam um projeto de lei de desconfiança no início da próxima semana se os bilionários não forem forçados a pagar mais impostos.
"Fizemos um esforço para não censurar o primeiro-ministro, mas até agora não vimos nenhum sinal de disposição para fazer concessões", disse o líder do partido socialista Olivier Faure à BFM na sexta-feira. "Se não houver nenhuma mudança até segunda-feira, está tudo acabado."
Dada a aritmética do Parlamento francês, fortemente dividido, os socialistas têm o poder de derrubar o fraco governo minoritário do primeiro-ministro Sébastien Lecornu se fizerem parceria com a extrema-esquerda e a extrema-direita, que já disseram que querem destituí-lo.
Lecornu conseguiu obter o apoio dos socialistas ao se comprometer a descartar uma reforma previdenciária histórica, mas a esquerda claramente acredita que pode obter maiores concessões, à medida que as negociações para aprovar o componente de impostos e receitas do orçamento de 2026 começaram na sexta-feira no plenário da Assembleia Nacional.
Faure, cujo partido há muito tempo defende um imposto para bilionários que o governo reluta em incluir, disse que o projeto de lei atual visa injustamente os aposentados, os jovens e as famílias.
"É insuportável. Não podemos pedir a esses segmentos da população -- pessoas da classe trabalhadora e da classe média -- que continuem a fazer sacrifícios enquanto os mais ricos não estão contribuindo", declarou ele, acrescentando que o orçamento deveria ter como objetivo encontrar entre 15 bilhões e 20 bilhões de euros em receita adicional.
A ameaça de mais instabilidade é preocupante para a economia da França, com a atividade comercial francesa caindo mais rápido do que o esperado em outubro, de acordo com dados divulgados na sexta-feira.
Uma votação formal sobre a parte da receita do orçamento está programada para 4 de novembro, antes que o projeto de lei passe para o Senado, controlado pelos conservadores.
(Reportagem de Alessandro Parodi, Dominique Vidalon e Elizabeth Pineau)
