Panamá, 28 fev (EFE).- Uma prolongada alta dos preços do petróleo devido à crise no norte da África pode afetar, com o tempo, a recuperação econômica mundial, que "ainda é frágil", afirmou nesta segunda-feira o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Kahn.
Em entrevista coletiva depois de se reunir com o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, em sua primeira visita ao país, o diretor do FMI assegurou que este organismo "acompanha muito de perto o que ocorre no norte da África".
"Uma alta dos preços a US$ 110 e US$ 120 o barril pode ter efeitos na recuperação global se durar o bastante (...) mas ainda não vemos um grande risco", assegurou Strauss Kahn.
Questionado sobre o que considera "durar bastante", o diretor explicou que "dois meses de preços do petróleo elevados poderiam criar alguns problemas".
"Duas semanas não seriam tão graves, porque é administrável, mas com dois meses deveríamos começar a fazer previsões, a tomar medidas mais sérias", afirmou.
"Aguardaremos que as próximas semanas os preços voltem a cair onde estavam antes", acrescentou Strauss Kahn.
"Os altos preços do petróleo é uma ameaça para todos, menos para os produtores de petróleo, como a alta de preços dos alimentos é para todos menos para os que produzem (...)", disse o diretor do FMI.
"Os países em desenvolvimento, sobretudo as povoações mais vulneráveis desses países, sofrem mais com o aumento dos preços dos alimentos que com os do petróleo", disse.
Sobre as revoltas em alguns países árabes, "a lição que é preciso tirar é que o crescimento não é suficiente, também é preciso cuidar de como se distribui a riqueza e é importante reduzir o desemprego, sobretudo o dos jovens, para que as sociedades avancem no mesmo ritmo que a economia", assegurou.
O diretor-gerente do FMI indicou que a instituição está preparada para estudar como dar assistência, seja técnica ou financeira, aos países árabes que pedirem ajuda. EFE