SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse a um grupo de apoiadores evangélicos no domingo que alguns de seus ministros estão "se achando" e viraram estrelas, ao mesmo tempo que alertou que "a hora deles vai chegar" e que não tem medo de usar sua caneta.
O presidente não citou nomes, mas as declarações vêm em meio a divergências públicas entre Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por causa da pandemia de coronavírus. Bolsonaro tem defendido o fim do isolamento social de toda a população e que apenas integrantes dos grupos de risco fiquem em casa para conter a disseminação do vírus.
Mandetta, por sua vez, tem defendido o isolamento da população para dar tempo de o sistema de saúde se preparar para o pico da pandemia, contrariando o desejo do presidente. Ele também recomendou à população que siga as orientações dos governadores na crise, apesar de Bolsonaro ser crítico ferrenho das medidas de restrição à circulação adotadas pelos chefes dos Executivos estaduais.
"Algumas pessoas do meu governo, subiu à cabeça deles, estão se achando. Eram pessoas normais, mas de repente viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações", disse o presidente ao grupo de evangélicos no domingo em frente ao Palácio da Alvorada.
"Mas a hora deles não chegou ainda não, vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona. Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor, e ela será usada para o bem do Brasil, não é para o meu bem. Nada pessoal meu", acrescentou Bolsonaro enquanto seus apoiadores respondiam "amém".
Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no domingo, o Brasil tem 11.130 casos confirmados de Covid-19, doença provocada pelo coronavírus, e 486 mortes.
(Por Eduardo Simões)