Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro admitiu, nesta sexta-feira, que conversa com três partidos para uma possível filiação, no caso da criação do Aliança pelo Brasil, sigla que tenta fundar, não se concretizar, mas afirmou que qualquer decisão só será tomada no ano que vem.
Em uma publicação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que continua a tentar viabilizar a criação do Aliança, mas "em comum acordo tenho conversado com 3 outros partidos para o caso de não se concretizar a tempo o Aliança".
"Nessa segunda hipótese, de ambos os lados, se impõe condições para essa filiação. Isso também decidi que somente poderia acontecer em 2021", escreveu.
Bolsonaro deixou o PSL, partido pelo qual foi eleito presidente em 2018, em novembro do ano passado, depois de uma briga com o presidente do partido, Luciano Bivar, motivada pelo controle da legenda e o acesso ao fundo partidário. Ao sair, anunciou que criaria seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil.
A intenção era viabilizar a nova sigla até abril desde ano, para garantir espaço para os candidatos bolsonaristas nas eleições municipais deste ano. No entanto, o partido não conseguiu nem mesmo terminar a fase de coleta de assinaturas --conseguiu até agora validar menos de 20 mil até este mês de agosto, de 492 mil necessárias.
Há duas semanas, em uma de suas lives, Bolsonaro reclamou das dificuldades de se criar um partido e também confirmou que estaria conversando com três siglas, sem revelar quais são.
De acordo com um auxiliar do presidente, um dos partidos com quem Bolsonaro está conversando é o Patriotas, que já tentou atrair Bolsonaro em outras ocasiões, inclusive para a disputa presidencial de 2018.
Um outra alternativa avaliada pelo presidente é voltar ao PSL, onde ainda está seu filho, o deputado federal Eduardo (SP), e uma gama dos deputados bolsonaristas que, apesar da briga, não deixaram o partido sob pena de perderem seus mandatos por infidelidade partidária. Bivar chegou a admitir que existem conversas para a volta do presidente, mas há resistência de parte de parlamentares que ficaram contra Bolsonaro na disputa interna da sigla.
Na publicação desta sexta, o presidente reafirmou ainda que não pretende participar do primeiro turno das eleições para prefeito no país.
"Tenho muito trabalho na Presidência e, tal atividade, tomaria todo meu tempo num momento de pandemia e retomada da nossa economia", disse Bolsonaro.
A ressalva sobre o primeiro turno se deve, de acordo com auxiliares do presidente, à possibilidade de ele entrar na campanha do segundo turno em algumas capitais para tentar ajudar candidatos simpáticos ao governo, mas isso só acontecerá em casos de disputas acirradas, como pode ocorrer em São Paulo e Rio de Janeiro, cidades de interesse de Bolsonaro.