Por Victor Borges
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que, na reunião da quinta-feira, o Conselho Monetário Nacional deve discutir alterar o prazo de referência das metas de inflação para padronizar o prazo de forma que se assemelhe ao usado em outros países.
"Eu tenho defendido publicamente a questão da meta contínua e nós vamos discutir amanhã na reunião... Nós estamos discutindo a meta (de inflação) de 2026 e outras questões, como essa que eu estou colocando, se é o caso ou não de tomar essa decisão sobre padronizar, em relação ao resto do mundo, o programa de metas de inflação no Brasil", disse Haddad em entrevista a jornalistas no ministério.
A transição para uma meta contínua é uma pauta defendida explicitamente pelo ministro, que também destacou que o Brasil é um dos poucos países que ainda usam uma meta vinculada ao ano-calendário.
Haddad disse que a maior parte dos economistas consideram que a meta contínua é um "aperfeiçoamento desejável" e destacou que o próprio Fundo Monetário Internacional considera isso como positivo.
O ministro porém ressaltou que não é possível prever se o Conselho chegará a uma conclusão sobre o tema já na reunião de quinta-feira.
"Eu não acho que tem impacto no curto prazo. Eu considero mais um aperfeiçoamento do que a gente considera que está dando certo e fica mais compreensível para a comunidade internacional que o Brasil está na mesma página em relação a esse tema. Discuti com o FMI esse tema longamente. O próprio FMI dizia que era melhor", afirmou.
A possibilidade de o Banco Central perseguir uma meta de inflação desvinculada do ano-calendário é vista com naturalidade pelo mercado e tende a gerar pouco impacto nos preços dos ativos se adotada, avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters em maio.
Enquanto uma elevação da meta geraria o risco de aumento nas expectativas para a inflação, dificultando a queda dos juros, o entendimento predominante é de que a adoção de um horizonte móvel para o seu cumprimento apenas oficializaria regra já adotada pelo BC na prática e já vigente nas grandes economias.