Por Natalia Dobryszycka
BRESLÁVIA, Polônia (Reuters) - Wanda Kialka tinha 17 anos quando uma amiga sugeriu que ela se inscrevesse em um campo de treinamento militar para mulheres nos arredores de Vilnius, então parte da Polônia, como maneira de se preparar para algo que ambas esperavam que nunca acontecesse --outra guerra.
O verão de 1939 da jovem foi passado participando de jogos de guerra, aprendendo como atirar e como tratar ferimentos básicos e se sentindo útil. Poucos suspeitavam que uma guerra era iminente.
"Para nós, a guerra (Primeira Guerra Mundial) estava no passado. Ninguém queria uma nova guerra, todos a temiam", contou Wanda, hoje com 97 anos, em sua casa em Breslávia.
Ela havia crescido ouvindo histórias de seus professores de escola sobre seus sofrimentos durante a Primeira Guerra Mundial. Comovida e inspirada por sua bravura, ela decidiu treinar para um possível conflito.
"Todos nós queríamos fazer algo, todos nós queríamos ser necessários, queríamos nos sentir poloneses e sentir que estávamos fazendo algo".
Em 1º de setembro de 1939, o Exército alemão atacou a Polônia, iniciando a maior guerra da história e obrigando Wanda, mais tarde enfermeira e oficial de ligação, a entrar em ação inesperadamente.
Ela era parte de uma organização chamada Treinamento Militar de Mulheres (PWK), concebida para treinar milhares de mulheres para fornecerem serviços de apoio ao Exército.
Criado por mulheres que serviram durante a Primeira Guerra Mundial e que queriam continuar ativas no Exército, o PWK tinha quase 45 mil integrantes.
Conforme a Polônia se prepara para marcar o 80º aniversário do início da guerra, Kialka disse que suas lembranças dos combates e dos feridos que ela tratou ainda estão frescas em sua mente.
Nos últimos anos, Kialka procurou processar seu trauma e agora compartilha suas memórias de boa vontade.
"Ainda me lembro de tudo. Quando eles cantam o hino nacional polonês, tenho lágrimas nos olhos. Porque finalmente estamos em uma Polônia livre", disse Kialka.