Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- O presidente do Fed, Jerome Powell, vai ao Senado na quinta-feira para o segundo dia de seu depoimento no Congresso. Espera-se que o Banco da Inglaterra aperte a política monetária mais uma vez, enquanto o Bitcoin apresenta uma recuperação dramática. No Brasil, ciclo de flexibilização fica para as próximas reuniões.
1. Powell vai subir ao Capitólio mais uma vez
O presidente do Federal Reserve (Fed) dos EUA, Jerome Powell, deve se dirigir aos legisladores dos EUA novamente na quinta-feira, o segundo dia de seu testemunho semestral.
Na quarta-feira, ele manteve uma inclinação hawkish ao falar para o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, dizendo que a perspectiva de mais dois aumentos de 25 pontos-base nas taxas é "um palpite muito bom" sobre o rumo que o banco central está tomando atualmente.
Entretanto, os mercados não estão convencidos, com uma alta de 25 bps amplamente esperada para o próximo mês, mas nenhuma outra alta depois disso.
De fato, seu colega Raphael Bostic, presidente do Atlanta Federal Reserve, indicou que mesmo um aumento em julho correria o risco de minar "desnecessariamente" a força da economia dos EUA.
Powell deve discursar no Comitê Bancário do Senado na quinta-feira, e ele tem a oportunidade de direcionar ainda mais o pensamento do mercado, se assim o desejar.
Os futuros dos EUA foram negociados em baixa nesta quinta-feira, com o setor de tecnologia sob pressão, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou novos aumentos nas taxas no primeiro dia de seu depoimento semestral ao Congresso.
Às 8h01 (de Brasília), o contrato Dow futuros havia caído 0,32%, o S&P 500 futuros perdia 0,33%, e o Nasdaq 100 futuros recuava 0,45%.
As três principais médias de ações fecharam em baixa na quarta-feira, a terceira sessão negativa consecutiva, com o índice de alta tecnologia Nasdaq Composto caindo 1,2%, seu pior desempenho diário desde o início de junho.
Isso ocorreu depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que o banco central ainda tem muito trabalho a fazer para domar o inflação, sugerindo mais aumentos nas taxas de juros este ano.
Powell comparecerá perante o Comitê Bancário do Senado na quinta-feira, e os investidores estarão atentos para ver se ele oferece mais alguma pista sobre as futuras ações do Fed.
Além disso, os dados semanais do pedidos de auxílio-desemprego serão divulgados mais tarde na sessão e espera-se que mostrem um total de 260.000, enquanto os lucros serão divulgados pelo grupo da cadeia de restaurantes Darden Restaurants (NYSE:DRI).
2. BOE aumentará as taxas de juros, novamente...
O Banco da Inglaterra elevou a taxas de juros em 0,5 ponto percentual nesta quinta-feira, mais do que o esperado, depois de dizer que havia notícias "significativas" sugerindo que a inflação britânica levará mais tempo para cair.
O Comitê de Política Monetária do banco central votou por 7 a 2 para aumentar sua principal taxa de juros de 4,5% para 5%, a mais alta desde 2008 e o maior aumento desde fevereiro, diante de uma inflação mais persistente e aumento salarial desde que as autoridades se reuniram em maio.
"Houve notícias significativas de alta em dados recentes que indicam mais persistência no processo de inflação", disse o comitê.
"Efeitos de segunda ordem na evolução dos preços domésticos e salários gerados por choques de custos externos provavelmente levarão mais tempo para se dissipar", acrescentou.
Economistas consultados pela Reuters esperavam um movimento para 4,75%, embora os mercados financeiros vissem nesta quinta-feira uma chance de quase 50% de um aumento para 5%, após dados de inflação acima do esperado divulgados na quarta-feira.
3. Bitcoin atinge a maior alta em dois meses
O Bitcoin atingiu a maior alta em dois meses nesta semana, impulsionado por sinais de aumento do interesse institucional na maior criptomoeda do mundo, mesmo com o setor enfrentando um maior escrutínio regulatório.
Às 8h02, o Bitcoin foi negociado 4,60% mais alto, a US$ 30.164, ultrapassando os US$ 30.000 pela primeira vez desde abril, depois de registrar ganhos de mais de 14% nos últimos três dias.
O principal fator para esse aumento foi a notícia da semana passada de que a BlackRock (NYSE:BLK), a maior gestora de ativos do mundo, planeja criar um fundo negociado em bolsa de bitcoin, uma medida que permitiria aos investidores investir na classe de ativos.
O setor global de criptomoedas estava em baixa depois que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA processou as principais bolsas de criptomoedas, incluindo a Coinbase (NASDAQ:COIN) e a Binance, por supostas violações das leis de valores mobiliários, mas o interesse de uma empresa da estatura da BlackRock pode muito bem significar que a maré está mudando.
4. Petróleo cai; estoques do petróleo dos EUA dão suporte
Os preços do petróleo caíram na quinta-feira, devolvendo parte dos ganhos da sessão anterior em meio a preocupações contínuas sobre o crescimento da demanda global.
Às 8h02 (de Brasília), os contratos futuros do petróleo bruto dos EUA estavam 1,88% mais baixos, a US$71,17 por barril, enquanto o contrato Brent recuava 1,83%, para US$75,71 por barril.
Ambos os índices de referência haviam ganhado um dólar por barril na sessão anterior, depois que o site Instituto Americano do Petróleo, financiado pelo setor, divulgou dados indicando que os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram em mais de 1 milhão de barris na semana passada, refletindo alguma força na demanda do maior consumidor do mundo.
Os números oficiais dos estoques do Administração de Informações sobre Energia devem ser divulgados ainda nesta quinta-feira.
No entanto, o mercado continua cauteloso, com o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizando mais aumentos nas taxas neste ano e com preocupações sempre presentes sobre a recuperação econômica na China, o maior importador mundial de petróleo.
5. Juros mantidos no Brasil mais uma vez
Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic), em 13,75% ao ano. O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira, 21. Economistas ainda divergem sobre quando começará o ciclo de flexibilização, mas a expectativa é de que ocorra em agosto ou setembro.
Após a decisão, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse que o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto "joga contra a economia brasileira".
De acordo com Mauricio Oreng, economista do Santander (BVMF:SANB11), o tom do comunicado veio ligeiramente mais hawkish do que muitos analistas imaginavam. “Contudo, em linhas gerais, o Copom confirmou nossa expectativa de que os próximos movimentos serão dependentes dos dados”, destaca. Os dados indicarão o momento para a diminuição, segundo ele.
O economista André Perfeito concorda que o tom do comunicado foi duro, ao enfatizar que inflação corrente em queda não é o suficiente para o afrouxamento monetário, mas expectativas ancoradas. “Até então nenhuma surpresa, mas parece que o BCB está prisioneiro da sua retórica e arma para si uma situação difícil de desatar. Praticamente abandonou o protagonismo da decisão dos juros para deixar em stand by aos desígnios das projeções, projeções essas de mercado que tem errado de maneira significativa desde o início do ano”, pondera.
Às 8h (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,66% no pré-mercado.
Tese de Investimentos da BRF (BVMF:BRFS3): Qual a perspectiva após aporte da Marfrig (BVMF:MRFG3) e fundo saudita? Assista: