Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Economia melhorou nesta sexta-feira sua estimativa para o déficit primário do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência) a 844,574 bilhões de reais em 2020, diminuição de 16,429 bilhões de reais ante o rombo calculado antes.
Com isso, o número --que ainda assim será recorde em função dos gastos extraordinários com o enfrentamento da pandemia de coronavírus-- ficou em linha com o buraco de 844,8 bilhões de reais visto por agentes de mercado para o ano, segundo boletim Prisma Fiscal divulgado pela pasta na véspera.
O ajuste foi puxado principalmente pela redução em 11,750 bilhões de reais nas despesas previstas para o ano na comparação com o relatório anterior, a 2,035 trilhões de reais.
A principal contribuição nesse sentido veio da diminuição de 9,4 bilhões de reais do pagamento do Bolsa Família devido à opção dos beneficiados pelo auxílio emergencial, que acabou sendo estendido pelo governo até dezembro, ante previsão anterior de encerramento em agosto.
Já a expectativa de receita líquida foi elevada em 4,679 bilhões de reais para 2020, a 1,190 trilhão de reais. Nesse caso, pesou a estimativa de maior arrecadação de alguns tributos, em particular com o Imposto de Renda.
Segundo o Ministério da Economia, houve "realização em montantes superiores aos estimados nos meses de setembro e outubro em razão de arrecadações atípicas observadas, principalmente, no Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas".
Por outro lado, o time do ministro Paulo Guedes reduziu em 7,519 bilhões de reais a projeção de arrecadação com IOF no ano, após a prorrogação até o fim do ano da alíquota zero nas operações de crédito, medida que fez parte do pacote para enfrentamento à crise.
Pelo relatório, a perspectiva agora é que o país feche 2020 com um déficit primário equivalente a 11,7% do Produto Interno Bruto (PIB), com o déficit nominal, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, em 14,9% do PIB.
Os cálculos levaram em conta uma projeção de queda do PIB de 4,5%, que foi atualizada pela Secretaria de Política Econômica nesta semana, frente contração de 4,7% considerada antes. No relatório anterior, divulgado em setembro, a expectativa era de um déficit de 861,002 bilhões de reais.