Por Guy Faulconbridge, Elizabeth Piper e William James
LONDRES, 29 Out (Reuters) – O Reino Unido realizará sua primeira eleição em dezembro em quase um século, depois que o primeiro-ministro Boris Johnson obteve aprovação do Parlamento nesta terça-feira para uma votação antecipada com o objetivo de quebrar o impasse do Brexit.
Depois que a União Europeia concedeu um terceiro adiamento ao divórcio que deveria ocorrer em 29 de março, o Reino Unido, seu Parlamento e seu eleitorado continuam divididos sobre como ou mesmo se avançará com a separação do país da UE.
Johnson, que prometeu entregar o Brexit em 31 de outubro, exigiu uma eleição no dia 12 de dezembro após o Parlamento --onde ele não tem maioria-- ter frustrado suas tentativas de ratificar o acordo de divórcio de última hora que ele fez com a UE neste mês.
Em um raro sucesso parlamentar para Johnson depois de uma série de derrotas, seu projeto de lei pedindo uma eleição em 12 de dezembro foi aprovado por 438 votos a 20 na Câmara dos Comuns. O projeto agora vai para a Câmara dos Lordes.
"É hora de unir o país e fazer o Brexit", disse Johnson após se reunir com parlamentares do Partido Conservador.
Antes da votação, Johnson havia dito que o Parlamento estava obstruindo o Brexit e, portanto, prejudicando a economia ao impedir decisões de investimento e corroendo a fé na democracia.
A primeira eleição de Natal no Reino Unido desde 1923 será altamente imprevisível: o Brexit fatigou e enfureceu várias faixas de eleitores, além de corroer lealdades tradicionais de dois principais partidos, Conservador e Trabalhista.
Alguns políticos acreditam que uma eleição tão perto do Natal pode irritar os eleitores. A campanha e a saída dos eleitores podem ser dificultadas pelo clima frio do inverno e pela escuridão que ocorre no meio da tarde.
No final das contas, o eleitorado terá uma escolha entre um Johnson encorajado a pressionar por seu acordo do Brexit ou um governo socialista sob o líder trabalhista Jeremy Corbyn renegociando o acordo antes de outro referendo.
Após quatro anos de discussão sobre o Brexit, quase todos os políticos britânicos agora concordam que uma eleição é necessária para quebrar o ciclo de inércia que chocou os aliados de um país que antes era considerado um bastião do capitalismo e da democracia ocidental.
Uma eleição pode decidir o destino do Brexit, bem como das principais figuras políticas - Johnson, de 55 anos, e seu rival Corbyn, de 70.
O resultado da eleição será anunciado nas primeiras horas da sexta-feira dia 13. Se nenhum partido vencer de forma conclusiva, o impasse do Brexit continuará.
(Reportagem adicional de Kylie MacLellan, Paul Sandle, Helena Williams, Andrew MacAskill, Costas Pitas, Alistair Smout, Mike Collett-White e Kate Holton em Londres e Gabriela Baczynska em Bruxelas)