Por Ricardo Brito e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República denunciou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a esposa dele, Helena Witzel, e outras dez pessoas por organização criminosa, informou a assessoria de imprensa do órgão em nota nesta segunda-feira.
A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, responsável pela acusação, disse que o grupo atuou nos mesmos moldes existentes em relação às demais organizações criminosas que envolveram os últimos dois ex-governadores, na estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos: econômico, administrativo, financeiro-operacional e político.
Lindôra pede a condenação dos envolvidos e a perda dos cargos públicos, em especial de Witzel. Cobra ainda indenização mínima de 100 milhões de reais dos envolvidos.
A acusação criminal citou, com base no que são consideradas provas de três operações, que as atividades do grupo começaram em 2017, com a cooptação de Witzel para concorrer ao governo, que recebeu, ainda quando era juiz federal, quase 1 milhão reais indevidamente.
Essa a segunda acusação criminal contra Witzel. A primeira foi divulgada em 28 de agosto, dia em que foi afastado do cargo.
Witzel criticou o que chamou de vazamento de processo sigiloso para atingi-lo politicamente e voltou a negar qualquer irregularidade.
"Reafirmo minha idoneidade e desafio quem quer que seja a comprovar um centavo que não esteja declarado no meu Imposto de Renda, fruto do meu trabalho e compatível com a minha realidade financeira. Todo o meu patrimônio se resume à minha casa, no Grajaú, não tendo qualquer sinal exterior de riqueza que minimamente possa corroborar essa mentira", disse.
Quando foi afastado do cargo, Witzel reclamou de "um possível uso político da instituição (PGR)".
"Meu compromisso é reduzir a criminalidade e querem me tirar do governo as organizações criminosas que estão perdendo dinheiro“, disse na ocasião.