Garanta 40% de desconto
💎 WSM subiu +52.1% desde que foi selecionada por nossa estratégia de IA em dezembro. Acesse todas as açõesAssine agora

Renda Brasil vira incógnita após Bolsonaro rechaçar espinha dorsal do programa

Publicado 26.08.2020, 15:49
Atualizado 26.08.2020, 15:50
© Reuters. .

© Reuters. .

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A posição do presidente Jair Bolsonaro de descartar publicamente o uso dos recursos do abono salarial para vitaminar o Bolsa Família representa um tiro no coração do Renda Brasil tal qual estruturado pelo ministro da Economia, em novo capítulo do processo de desgaste sofrido por Paulo Guedes.

Ao custo anual de cerca de 19 bilhões de reais, o abono consiste no pagamento de um salário mínimo a cada ano aos trabalhadores formais que ganham até dois salários mínimos, funcionando como uma espécie de 14º na suplementação de renda.

A extinção do abono representava a espinha dorsal da focalização nos mais pobres pretendida por Guedes no Renda Brasil, já que o direcionamento de recursos para o Bolsa Família com o fim de outros programas teria um impacto muito menor.

No total, a equipe econômica calculava um aumento de 21 bilhões de reais ao programa de transferência de renda, considerando também a incorporação do seguro-defeso e a limitação do Farmácia Popular apenas aos que tivessem inscrição em cadastro social do governo. A ideia era, com isso, aumentar a base de beneficiados e o valor pago a cada família.

Em condição de anonimato, uma fonte do time apontou que, sem o pilar do abono, incrementar recursos para o Bolsa Família agora passa pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, para que haja desvinculação de gastos obrigatórios de modo que novas despesas possam ser criadas com respeito ao teto de gastos, que impõe limites ao crescimento total da despesa pública.

Uma segunda fonte da equipe econômica reconheceu que, descartado o abono, será preciso "sentar e conversar" para calcular a validade ou não do esforço político de seguir adiante com uma proposta de focalização de programas no Renda Brasil sem que haja recursos tão vultosos para alimentá-lo.

Na equipe econômica, a avaliação é que o abono acaba contemplando pessoas que estão empregadas e que estão no setor formal, em contraposição à população em extrema pobreza ou que não consegue trabalhar com carteira assinada, esses dois segmentos vistos como mais vulneráveis.

O governo já havia sido derrotado na sua tentativa, durante a reforma da Previdência, de limitar o abono aos que ganham apenas um salário mínimo. Agora, a equipe de Guedes acreditava no sucesso da junção de programas no Renda Brasil, sob o argumento de que era necessário priorizar recursos aos que mais necessitavam, no rastro da destruição econômica deixada pela pandemia de Covid-19.

Bolsonaro, contudo, expôs sua discordância ao pontuar nesta quarta-feira que a proposta do Ministério da Economia para o Renda Brasil estava suspensa e que ele não podia "tirar de pobres para dar para paupérrimos", em referência à canalização dos recursos do abono para o Bolsa Família repaginado.

A fala provocou imediata reação no mercado, com alta do dólar e queda da B3, a bolsa brasileira.

Com a declaração, o presidente jogou em território incerto a estrutura do Renda Brasil, programa que havia sido prometido por Guedes para terça-feira desta semana, dentro de um anúncio de peso, apelidado nos bastidores de "Big Bang", que viria para o reforço à economia no pós-coronavírus.

A cerimônia acabou não acontecendo, em parte porque Bolsonaro queria um valor maior para o Renda Brasil do que os cerca de 250 reais propostos pela equipe econômica, tarefa que ganha contornos ainda mais desafiadores com sua recusa em mexer no abono.

O episódio desta quarta-feira também ressalta a posição delicada de Guedes enquanto fiador da política econômica e responsável pela construção de uma extensão do auxílio emergencial e sua aterrissagem num Renda Brasil compatível com a regra do teto, vista como única âncora fiscal do país.

Caso o valor do auxílio caia pela metade ante os atuais 600 reais mensais, sua prorrogação até o final do ano, como prometido por Bolsonaro, ainda custará aos cofres públicos 100 bilhões de reais.

Se a porteira para um gasto desta magnitude está aberta neste ano pela emenda do Orçamento de Guerra, que libera despesas relacionadas ao enfrentamento da crise da pandemia da limitação do teto de gastos, no ano que vem o governo não terá a mesma prerrogativa para turbinar os gastos na área social.

© Reuters. .

Ao contrário do ministro, que segue empunhando publicamente o discurso da responsabilidade fiscal, Bolsonaro admitiu recentemente que havia discussões dentro do governo para furar o teto de gastos, minimizando-as como apenas um debate. Colhendo os frutos políticos da recomposição de renda garantida pelo auxílio emergencial, o presidente também tem viajado cada vez mais pelo país para inauguração de obras.

Junto à saída recente de importantes auxiliares do Ministério da Economia, os ruídos entre Guedes e a ala desenvolvimentista do governo se intensificaram nas últimas semanas, alimentando especulações sobre a eventual saída do ministro do cargo.

Procurado, o Ministério da Economia não se pronunciou sobre as declarações de Bolsonaro.

Últimos comentários

BOZO DEVIA ENFIAR A LINGUA NA ...
Alguém vai ter de pagar essa conta. E quando digo alguém , digo NÓS que vamos pagar mais impostos.
Concordo, plenamente, que o renda Brasil não é razão para a bolsa cair. O que está pegando, é que a cabeça do Guedes está por um fio.
É simples!... Basta mudar o nome "Bolsa Família" pra "Renda Brasil" e pronto!.... Tá resolvido o problema, e o "gênio" pode voltar para o bule! Kkk....
O renda Brasil é só uma desculpa dos tubarões para derrubar a bolsa e ganhar muito dinheiro.
fantástico sua análise, concordo, renda Brasil nunca foi motivo é nunca será...
Bolsonaro é calculista, sempre votou contra os pobres, sabe que essa pauta não passa nesse congresso, aí fez em público o que poderia ser conversa de bastidor (se fosse algo sério), mas pra ter "ganho eleitoral de popularidade", derruba a bolsa, algo previsível, mais pessoas podem ter lucrado com essa aparente manipulação do mercado e da opinião pública.
Que tal aumentar a tributação sobre o 1% mais rico que detêm 30 % das riquezas do país. Os 9% seguinte detêm 20%, é pra onde o Guedes quer direcionar o ônus tributário, ele sempre começa dos mais pobres e depois vai para a classe média e nunca chega no 1%, que é a turma que ele representa.
até concordo com a discordância do presidente, entretanto o grande problema é que o presidente age como oposição do próprio governo, discordar em público de uma proposta do próprio governo demonstra um descompasso, uma falta de organização e coesão do governo o que faz o mercado derreter, enfim sugiro que o presidente volte para a quarentena.
Guedes não fica!
também acho. vou zerar minhas posições msm com preco
O pessoal fica discutindo esquerda e direita, capitalismo e comunismo. A verdadeira disputa é entre ricos e pobres. Já viu algum ricaço se dar mal por causa de ideologia? Já viu algum pobre se dar bem porque um governo de direita ou esquerda ganhou?
exatamente, luta de classes... leia Marx.
Sem renda corta essa porra kkk
guedes sairá em breve não aguentará a pressão bolsa a 85pts
Solução é simples, mas dolorosa para muita gente...Basta aumentar a tributação de cigarros e carros de luxo, acabar com a isenção de IR sobre dividendos e passar a tributar na mesma base da tabela de IRPF as ajudas de todas as naturezas que o setor privado e público pagam - auxílio moradia, auxílio combustível, auxílio etc.... e para completar, instituir mais uma faixa de IR como em todos os países desenvolvidos do mundo, na alíquota base em torno de 35-45% para salários acima de 40k/mes, por exemplo, além de revisar isenções que beneficiam pouquíssimos setores, e finalmente, arrochar a fiscalização eletrônica para reduzir a sonegação. Haverá efetivos recursos para aumentar as faixas inferiores do IR, para ampliar programas de renda e para melhorar a distribuição de renda no país. Só que nada adianta se não estancar a torneira aberta do outro lado, com fraudes de toda natureza no uso dos programas de renda, fraudes na aquisição de veículos PCD, e mais e mais fraudes/desvios...
Já ouviu falar que o brasil tem uma das maiores tributações do mundo?
Falando igual ao Guedes. Aumenta impostos aqui e ali. Cortar gastos públicos ninguém quer. E olha que tem muita coisa para cortar. Basta ver os salários e mordomias do judiciário e do legislativo!
 , busque informações sobre tributação sobre salários no mundo afora e verá que aqui está longe de ser elevada, mas com certeza é pessimamente distribuída na pirâmide salarial...por outro lado, a tributação excessiva sobre os produtos e serviços engorda a base tributária (alinhado ao que vc menciona). Ou seja, exatamente o oposto do que ocorre na maior parte dos países, tributa-se o consumo e relaxa a tributação da renda...
Nenhum país no mundo ousou fazer ajuste fiscal e controle de gastos numa economia com inflação perto de zero e atividade econômica praticamente inexistente. Se o Bolsonaro ndo chutar o rabhico desse demente do Guedes, a história da Argentina vai se repetir.
Isso vai terminar com um metendo a lenha no outro. E todos dois estarão certos.
E nós é que nos ferramos.
já nos ferramos no momento que ele ganhou as eleições. Quem fode o Brasil é o brasileiro.
além de pessimamente escrita e tendenciosa, a matéria não aprofunda no centro do problema, mas só no desgaste do governo! horrivel!
Ôxi, por um acaso já viste artigo (não) tendencioso n'algum lugar Renato?Isso aqui é um espelho do mercado : tendência de alta x tendência de baixa......
Mbappé é pé de alface demais, ate eu fazia um gol daqueles
O deputado federal Kim Kataguri tem uma proposta para reduzir o teto dos salários dos funcionários públicos como políticos, juízes, promotores, fiscais, entre outras classes, a menos de 7 mil reais, e outra de eliminar incentivos fiscais para grupos de lobistas influentes em Brasília, como é o caso dos veículos de comunicação, que empregam pouca gente, mas que são isentos de muitos impostos. Se o Kim conseguisse aprovar esses projetos, a economia para os cofres públicos chegariam a 900 bilhões de reais. hoje o auxílio emergencial de 600 reais custa 340 bilhões.
Aceito cortar meu salário se implantarem programa de filho único no país. Cara quer ter 4 ou 5 filhos para a sociedade criar. Tnc
E quem paga? É, é você mesmo pagador de imposto (digo) contribuinte.
sim gente... mas o que precisamos saber: PORQUE QUEIROZ DEPOSITOU 85 MIL NA CONTA DA ESPOSA DE BOLSONARO????
Bolso virou social-democrata petista?
Tchau, tchau, querido.
Bolsonaro mesmo que desejasse, estaria sem poder político pra implantar a verdadeira fonte do Renda Brasil: Cortar 20% dos altos salários, benefícios, penduricalhos, vantagens dos funcionários públicos graduados, legislativo, executivo, judiciário incluindo suas lagostas e vinhos finos, militares e taxar os lucros bilionários dos bancos e altas fortunas, que eu duvido que não pague esse programa e ainda sobra dinheiro!🙉😅💰
E mexer no vespeiro? Jamais!
Realmente a esquerda está toda na Bolsa.... será que eles não sabem que bolsa é lugar de direita? Acho que não porque umas das bolsas mais punjantes do mundo é a de Shangai. Eu acho que...sim gente... mas o que precisamos saber: PORQUE QUEIROZ DEPOSITOU 85 MIL NA CONTA DA ESPOSA DE BOLSONARO????
kkkkkkkkkkkkkk
O presidente está certo.
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.