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Sem doses suficientes, vacinação da Covid pode ficar mais lenta em grupo com comorbidades

Publicado 09.04.2021, 15:48
Atualizado 09.04.2021, 16:15
© Reuters. Vacinação no Rio de Janeiro

© Reuters. Vacinação no Rio de Janeiro

Por Pedro Fonseca

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A campanha de imunização brasileira contra a Covid-19, que enfrenta contratempos e atrasos desde o início, corre o risco de ficar ainda mais lenta quando for convocado o grupo de pessoas com doenças vulneráveis à Covid-19, uma vez que a falta de doses obrigará uma rígida fiscalização daqueles que serão vacinados.

No pior momento da pandemia no Brasil, com média diária de quase 3.000 mortes nos últimos dias e o esgotamento dos sistemas de saúde, a vacinação é a principal esperança da população contra o coronavírus, o que tem provocado filas e aglomerações em busca da imunização em diferentes cidades do país.

Ao passar para um grupo total de 17,8 milhões de pessoas com 18 a 59 anos com doenças como diabetes, hipertensão, insuficiência renal e doenças cardiovasculares, essa situação pode se agravar mediante a falta de doses e a necessidade de confirmação da condição de saúde por meio de documentos antes da aplicação das vacinas, de acordo com especialistas em imunização.

"A complexidade com o grupo das comorbidades vai ser enorme para verificar se a pessoa tem ou não aquela doença, para comprovar a comorbidade", disse o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembrando que a principal causa do problema é a escassez de doses.

Apesar de o Brasil ter experiência em vacinação de pessoas com comorbidades devido à campanha anual de imunização contra a gripe, a situação agora é bastante diferente devido à restrição de vacinas, de acordo com a epidemiologista Carla Domingues, ex-chefe do Programa Nacional de Imunização (PNI).

Segundo ela, o Ministério da Saúde deveria realizar um pré-cadastro de pessoas com comorbidades a serem vacinadas para organizar a próxima etapa de vacinação, a exemplo do que tem sido feito em outros países.

"A gente vai ver filas, ver dificuldades. Todos os países estão fazendo o pré-cadastro das pessoas, e a gente continua insistindo em mandar a população ficar quatro ou cinco horas na fila", afirmou.

"Já está acontecendo fila em todo lugar, principalmente nos grandes centros. Com comorbidades vai sair ainda pior. A pessoa tem que ler o documento, tem que ver se vale ou se não vale, então se a gente fizesse um pré-cadastro facilitaria muito, principalmente porque você não vai ter dose suficiente. Chega a ser uma humilhação você fazer uma pessoa já com uma doença ficar quatro ou cinco horas na fila e não ser vacinada porque acabou a vacina", acrescentou.

A campanha de imunização brasileira contra a Covid segue em ritmo lento desde o início, em janeiro, uma vez que o governo federal demorou a fechar contratos com fornecedores e depende até o momento exclusivamente da produção local pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantan.

Com 47,5 milhões de vacinas entregues aos Estados até o momento, o Brasil chegou a 60% das doses necessárias para vacinar com duas doses os idosos, profissionais de saúde e demais integrantes dos primeiros grupos prioritários, que somam mais de 38 milhões de pessoas. Essa etapa deve ser concluída entre abril e maio, dando início a seguir às pessoas com comorbidades.

A promessa do Ministério da Saúde era vacinar as 77,2 milhões de pessoas de todos os grupos prioritários até julho, o que demandaria cerca de 155 milhões de doses, mas o país só tem um total de 90 milhões de doses 100% garantidas até o momento (48,3 milhões da Fiocruz e 40,7 milhões do Butantan).

O Brasil aplicou a primeira dose em pouco mais de 19 milhões de pessoas até o momento, o equivalente a 9% da população, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

REDE DESPREPARADA

O Butantan espera completar 100 milhões de doses entregues até o fim de agosto, mas o instituto depende da chegada de novos insumos a serem enviados pelo laboratório chinês Sinovac (NASDAQ:SVA). A próxima entrega, que era esperada para esta semana, foi adiada até 20 de abril, despertando temores sobre futuros atrasos.

No caso da Fiocruz, o cronograma prevê 104 milhões de doses até 30 de julho, mas também na dependência da importação de insumos do laboratório AstraZeneca (LON:AZN) (SA:A1ZN34). Até o momento estão asseguradas as produções de abril (18,8 milhões) e maio (21,5 milhões), segundo a fundação.

Se as previsões dos institutos locais se confirmarem, e somando a entrega prometida pela Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) de 13,5 milhões das doses contratadas até junho, o país teria vacinas suficientes para cumprir a meta até o fim de julho. O problema é a incerteza gerada por seguidas frustrações em relação ao calendário original.

"Tudo isso é um desgaste muito grande, porque você tem que parar tudo, tem que fazer cálculo de quantidade de vacinas, checar todas as coisas, e isso nossa rede não estava preparada. Estava preparada para receber vacinas e fazer campanha de imunização, ninguém se preocupava se vai faltar vacina, em qual grupo está a vacinação", disse Cunha, da SBIm.

Sem a garantia de um fluxo contínuo de vacinas, muitos Estados têm contrariado a orientação do governo federal para aplicação de todas as doses sem necessidade de guardar a segunda, o que tem reduzido a velocidade da vacinação. Por esse motivo, entre outros, foram aplicadas apenas 24,6 milhões de mais de 45 milhões de doses entregues.

"A reserva é fundamental, é a orientação que estamos dando pelo Fórum de Governadores", disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), coordenador do tema vacinas no fórum.

A falta de confiança nas promessas do governo foram reforçadas pela frustração com as vacinas Sputnik V, da Rússia, e Covaxin, da Índia, que foram compradas pelo Ministério da Saúde e prometidas para março e abril, mas sem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além disso, houve um atraso na importação de doses prontas da Índia, após decisão do governo indiano de intensificar a própria vacinação ante um novo surto da doença, e também demora para a chegada de vacinas do consórcio internacional Covax Facility.

Pelas promessas do então Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no início de março, o Brasil teria 115 milhões de doses entregues até o fim de abril, mas, na realidade, apenas 69 milhões de doses estão de fato confirmadas para o período.

Agora sob comando de Marcelo Queiroga, o ministério não divulga mais uma previsão de entrega de doses e afirma que depende da produção dos parceiros.

© Reuters. Vacinação no Rio de Janeiro

Sob esse cenário de escassez, a ex-chefe do PNI Domingues lembrou que o ministério já deveria ter orientado os municípios sobre a divisão dos grupos de pessoas com comorbidades para facilitar a vacinação.

"O grande problema vai ser que não vai ter dose para todas as pessoas, esse vai ser o desafio, quem você vai chamar, se será por idade, por tipo de comorbidade, aquelas que são mais graves, e isso tudo já precisava estar resolvido e orientado. Quando deixa muito para cima da hora não dá tempo de os municípios se organizarem", afirmou.

Procurado, o ministério informou, por meio de nota que as pessoas que pertencem ao grupo prioritário de comorbidades para vacinação contra a Covid-19 e fazem acompanhamento no Sistema Único de Saúde (SUS) estão pré-cadastradas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Reconheceu, no entanto, que aqueles que não têm o pré-cadastro precisarão apresentar documentos que demonstrem o pertencimento a um destes grupos de risco, como exames, receitas médicas, relatórios e prescrição médica.

Últimos comentários

Genocida é incompetente!!
A pandemia a 1 ano e ainda não deu tempo de fazer??
Desgoverno! Como podem ser tão incompetentes! Nem fazer um cadastro prévio!
Como usar todas as doses para a 1 dose se o pazuelo prometeu 115 milhões de doses é o governo vai entregar 69 milhões
Pode me responder Reuters se está faltando vacina porque das 47,5 milhões de doses de vacinas entregues aos Estados eles usaram menos de 28 milhões? É pra jogar a culpa depois no governo federal?
Não, falta confiança no governo Federal que chegarão as doses para a 2 dose para os Estados é municípios possam usar as doses recebidas para a 1 dose! óbvio
Mídia podre e corrompida! De olho no dinheiro do contribuinte. O de maior quantidade e o mais fácil de roubar!
Tudo e relativo em tudo podemos ver pontos positivos e negativos.Queiramos ou não o Brasil entre mais de 200 países e o 5o em vacinação.Todos sabemos que é uma pandemia que ninguém esperava todo mundo atrás de uma solução então abrindo a janela tirando ideologia o Brasil vai melhor que 200 paises.
e ciancia
È muito "se" numa matéria só....tá difícil achar uma matéria séria para ler.
Efeito Bozonaro, sem vacinas, sem emprego e sem esperança. Fora Bozo Negacionista
efeito Globo
Efeito mula !
ops Lula
GOVERNO FEDERAL DISTRIBUIU 40 MILHÕES DE DOSES !!!!GOVERNADORES PREFEITOS VACINARAM 24 MILHÕES!!!!
Esta cada vez mais difícil acreditar na mídia tradicional mais desinforma do que informa para não ser mais incisivo.
Esta cada vez mais difícil acreditar na mídia tradicional mais desinforma do que informa para não ser mais incisivo.
 com certeza, so fonte primaria documentos
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