Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - A vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, está ganhando poder nos bastidores após uma mudança no governo, redesenhando as linhas de batalha dentro de uma coalizão peronista governista enfraquecida antes das eleições do ano que vem.
O governo de centro-esquerda de Alberto Fernández, já atingido por uma derrota nas eleições de meio de mandato no ano passado, foi abalado no sábado pela saída abrupta do ministro da Economia Martín Guzmán, um importante aliado do presidente.
Cristina Kirchner, ex-presidente com dois mandatos de 2007 a 2015, entrou em conflito com Fernández e Guzmán sobre cortes de gastos, culpando a política fiscal mais rígida por prejudicar os argentinos. Essa pressão levou à saída de Guzmán. A economista Silvina Batakis, mais próxima de Cristina, o substituiu na segunda-feira.
Isso aconteceu apenas um mês depois que Daniel Scioli, ex-governador regional durante a Presidência dela, assumiu o cargo de ministro da Produção no lugar de outro aliado moderado do presidente, que foi forçado a sair em junho após entrar em conflito com aliados de Cristina Kirchner.
"Está claro agora que Cristina é a figura que administra a coalizão e o governo", disse Julio Burdman, diretor da consultoria Observatório Eleitoral.
Fernández, que venceu a eleição em 2019, há muito tem que se defender contra alegações de que sua vice-presidente estava tomando as rédeas. O índice de aprovação do presidente caiu para cerca de 25%, segundo pesquisa Ricardo Rouvier & Asociados. Cristina Kirchner não se sai muito melhor, ficando com entre 25% e 30%.
"As pesquisas mostram que Cristina também sofreu com o conflito com Alberto", disse Ricardo Rouvier, diretor da empresa de pesquisas.