SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Fazenda informou nesta quarta-feira que os riscos da dívida pública ir para patamares próximos a 70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) são "grandemente reduzidos", mesmo que o crescimento econômico seja modesto.
Um dia após a agência de classificação de risco Standard & Poor's sinalizar que pode tirar o grau de investimento do país, o Ministério da Fazenda divulgou uma nota técnica para defender o cenário oficial para a trajetória da dívida pública, que não convenceu o mercado e especialistas.
Nele, o governo passou a prever que a relação dívida bruta/PIB --importante indicador monitorado pelas agências de classificação de risco-- fechará este ano a 64,7 por cento, indo a 66,4 por cento em 2016 e 66,3 por cento em 2017. Para 2018, essa relação iria a 65,6 por cento.
No mercado, as contas chegam a ser superiores a 70 por cento. Na nota técnica, o ministério cita três cenários de bancos diferentes (sem nominá-los) que baseiam-se em parâmetros de crescimento, juros, câmbio e do superávit primário mais desfavoráveis do que usados pelo governo.
De modo geral, traz a nota, que as diferentes projeções mostram a importância de a meta da economia para pagamento de juros da dívida se recuperar. "Com essa estratégia, os riscos da dívida pública divergir para patamares próximos a 70 por cento do PIB são grandemente reduzidos, mesmo que o crescimento do PIB revele-se modesto".
No estudo, o ministério também conclui que as estimativas sugerem também que resultados primários próximos ou acima de 2 por cento do PIB podem levar a dívida/PIB do país na direção de 60 por cento "em cenários de crescimento do PIB moderado" e, para abaixo desse patamar, na medida em que o crescimento econômico se acelerar.
"Nesses cenários o endividamento público do Brasil retoma com mais presteza uma trajetória favorável à queda dos juros de longo prazo, à ampliação do investimento e ao aumento do emprego e da renda do trabalho", conclui a nota.
Em recente entrevista à Reuters, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, já havia argumentado que o governo leva em consideração diversas variáveis para calcular a relação da dívida com o PIB, como o impacto das operações de swaps cambiais no pagamento de juros líquidos.
Na nota técnica, o Ministério da Fazenda argumentou que "o uso de aproximações analíticas para a evolução da dívida pode produzir resultados que, ainda que sugestivos, podem não capturar a real dinâmica dessa dívida".
Na semana passada, o governo reduziu as metas de superávit primário para este e os próximos anos, gerando uma forte reação negativa entre os agentes econômicos.
(Por Patrícia Duarte)