SÃO PAULO (Reuters) - O Bank of America Merrill Lynch cortou previsões de investimento e do crescimento da produção da Petrobras (SA:PETR4), dizendo que cortes agressivos nessas variáveis são necessários para a estatal ser capaz de evoluir de forma mais eficiente na desalavancagem de seu balanço dada a continuidade da deterioração do ambiente macroeconômico.
"Nesta fase, as questões patrimoniais tornaram-se a prioridade decisiva versus crescimento da produção", afirmaram os analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto, em relatório a clientes.
Eles avaliam que novas reduções nos investimentos devem ser necessárias para diminuir as necessidades de financiamento de curto prazo e fornecer uma ponte até um momento em que as vendas de ativos materiais possam ser realizadas.
"Ainda assim, é provável que leve de três a cinco anos para restaurar a saúde financeira completa", calculam os analistas.
O BofA ML agora espera investimentos de 126 bilhões de dólares para o período de 2015 a 2019, contra estimativa anterior de 144 bilhões de dólares. O efeito dessa redução será a provável redução do crescimento da produção média de óleo e gás para 3 por cento ao ano até 2020 ante expectativa precedente de 3,6 por cento.
Segundo duas fontes da empresa ouvidas pela Reuters em 10 de setembro, o plano de investimento de cinco anos da Petrobras, divulgado em junho deste ano, ficou obsoleto rapidamente e precisará ser revisto, com a queda dos preços do petróleo e o real fraco, além do rebaixamento do rating de crédito pela Standard & Poors para grau especulativo, que eleva o custo da dívida da petroleira.
McGann e Falanga Neto consideram que, apesar da capacidade limitada para reduzir a dívida para níveis sustentáveis sem vendas consideráveis de ativos, o ambiente de fracos preços de petróleo e a incerteza econômica e política no Brasil estão
colocando mais pressão sobre outras fontes de fluxo de caixa.
O relatório destaca que os preços de gasolina e diesel são uma variável decisiva para a Petrobras e que elevá-los deixaria tudo mais fácil.
"A maneira mais fácil de aumentar potencialmente a geração de fluxo de caixa na Petrobras e desalavancar o balanço seria através de aumentos de preços", escreveram os analistas.
Eles lembram que o maior empecilho para a empresa, assim como a principal razão do seu balanço é tão esticado, foi causado pela manutenção dos preços de gasolina e diesel 15 a 20 por cento abaixo dos preços internacionais durante grande parte do período de 2011 a 2014.
"Se assumirmos que a Petrobras pudesse manter um prêmio de 10 por cento sobre os preços internacionais no período de 2015 a 2019, isso poderia adicionar cerca de 8,5 bilhões de dólares para o fluxo de caixa", calculam McGann e Falanga Neto.
Os analistas avaliam que aumentos de preços permitiriam à Petrobras aumentar o fluxo de caixa e financiar uma estratégia de investimento e um crescimento da produção mais agressivo com necessidades limitadas de financiamento externo.
(Por Paula Arend Laier)