A Black Friday chegou! Não perca até 60% de DESCONTO InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Fitch rebaixa Brasil e diz que selo de bom pagador corre risco com crise política

Publicado 15.10.2015, 13:19
© Reuters. Logo da Fitch Ratings visto em prédio da agência em Nova York
PBR
-

SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch cortou nesta quinta-feira a nota de crédito do Brasil, ainda mantendo o selo internacional de bom pagador, mas alertando que o país pode em breve perder essa chancela diante do cenário econômico e político conturbado.

A Fitch rebaixou o país de "BBB" para "BBB-", último degrau que garante o chamado grau de investimento. A agência manteve a perspectiva negativa no novo rating, como era esperado pelos agentes econômicos, sugerindo que outro corte é possível ao longo do próximo ano.

A agência listou a recessão mais profunda e a fraca situação do mercado de trabalho, reduzida popularidade da presidente Dilma Rousseff, tensões entre o governo e o Congresso Nacional, o alcance das investigações na Petrobras (SA:PETR4) e riscos de impeachment presidencial como fatores que podem afetar a capacidade de melhorar as perspectivas fiscais e de crescimento do país.

"O difícil ambiente político está afetando o progresso da agenda legislativa do governo e criando reações negativas para a economia", informou a Fitch em nota assinada pela analista Shelly Shetty.

Já a perspectiva negativa, ainda segundo a Fitch, reflete a visão de que o mau desempenho econômico e fiscal deve persistir, enquanto a incerteza política deve continuar pesando sobre a confiança, atrasar a recuperação do investimento e do crescimento e aumentar os riscos para a consolidação fiscal a médio prazo necessária para a estabilização da dívida pública.

O país vive cenário de recessão econômica com inflação elevada, em meio à intensa crise política entre o Executivo e o Legislativo, que inclui dificuldades de votações no Congresso Nacional de medidas fiscais preparadas pelo governo.

O rebaixamento do país pela Fitch vem após a agência Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil em setembro, 10 dias após o governo prever inédito déficit primário na proposta orçamentária de 2016.

Em agosto, a Moody's rebaixou o rating do Brasil para "Baa3", última nota dentro da faixa considerada como grau de investimento, e ajustou a perspectiva da nota para "estável" ante "negativa".

Ou seja, o Brasil ainda possui o selo de bom pagador por duas das mais importantes agências de risco, algo tido por muitos investidores como condição para continuarem aplicando seus recursos no país

"A Fitch está nos dando algum tempo para que avancemos na direção dos ajustes necessários para o próximo ano... Se esse avanço não vier, podemos perder o grau de investimento no primeiro trimestre (de 2016)", afirmou o economista-chefe do banco Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall.

No mês passado o diretor-geral da Fitch, Rafael Guedes, havia destacado que "historicamente" a agência não corta rating em dois degraus de uma vez só, mas que pode tomar decisões em intervalos mais curtos que outras.

Na nota desta quinta-feira, a Fitch alertou que a performance econômica brasileira tem divergido de forma relevante da de outros países com a mesma classificação.

Uma fonte do governo avaliou, sob condição de anonimato, que a decisão não foi surpresa, mas que é fonte de preocupação. "O governo continua trabalhando para reequilibrar as contas fiscais e diminuir a incerteza política. Também esperamos que a decisão coloque mais pressão sobre o Congresso para aprovar o pacote fiscal", afirmou a fonte.

Falando a jornalistas, no entanto, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o governo é o principal agente para melhorar o cenário e evitar mais rebaixamentos, e o que causa instabilidade política é o governo não ter base de apoio.

PROJEÇÕES

Buscando reequilibrar as contas, o governo anunciou corte drástico nas metas fiscais para este ano e os próximos, apresentando em seguida proposta orçamentária inédita com previsão de déficit primário no ano que vem.

A deterioração das contas, para a Fitch, é inevitável, projetando que a dívida do governo ficará perto de 70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2016 e continuará a subir em 2017.

Os mercados financeiros tiveram reação relativamente contida ao rebaixamento da Fitch nesta quinta-feira, uma vez que boa parte dos investidores já esperava a decisão.

© Reuters. Logo da Fitch Ratings visto em prédio da agência em Nova York

"Algumas pessoas esperavam rebaixamento de dois degraus, embora eu acreditasse que isso não fosse realista... Mas a perspectiva negativa deve ser suficiente para deixar o mercado mais sensível nos próximos dias", afirmou o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

(Por Walter Brandimarte e Camila Moreira; Reportagem adicional de Flavia Bohone e Bruno Federowski, em São Paulo, e Alonso Soto, em Brasília)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.