Por Rania El Gamal e Tom Finn
DOHA (Reuters) - A Arábia Saudita e a Rússia, os dois maiores exportadores de petróleo do mundo, concordaram nesta terça-feira em congelar os níveis de produção, mas disseram que o acerto depende da adesão de outros produtores, sendo o Irã um dos principais entraves para o plano ser concretizado.
Ministros de petróleo da Arábia Saudita, Rússia, Catar e Venezuela anunciaram a proposta após uma reunião em Doha.
Este pode se converter no maior acordo entre membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países de fora do grupo em 15 anos, numa tentativa de resolver o excesso de oferta que derrubou os preços da commodity ao menor nível em mais de uma década.
O ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, disse que congelar a produção nos níveis de janeiro, próximo de máximas históricas, seria uma medida adequada e que ele espera que outros países adotem o plano.
O ministro venezuelano Eulogio Del Pino disse que novas conversas vão acontecer com o Irã e o Iraque na quarta-feira em Teerã.
"A razão pela qual concordamos com um potencial congelamento de produção é simples: é o começo de um processo que iremos avaliar nos próximos meses e decidir se precisaremos outros passos para estabilizar e melhorar o mercado", disse Naimi a repórteres.
"Nós não queremos uma revolução nos preços, nós não queremos redução de oferta, nós queremos atender à demanda, nós queremos estabilizar os preços do petróleo. Nós precisamos dar um passo de cada vez", acrescentou o ministro saudita.
Os preços do petróleo Brent chegaram a saltar para 35,55 dólares por barril depois da notícia sobre o acordo, mas depois reduziram ganhos com preocupações de que o Irã poderia rejeitar a proposta.
Por volta das 13h10 (horário de Brasília), o contrato para abril do Brent já recuava 1,5 por cento, a 32,90 dólares.
O Irã, outro membro da Opep e rival regional da Arábia Saudita, tem prometido aumentar gradualmente sua produção nos próximos meses para recuperar fatia de mercado após ficar anos sob embargo de sanções internacionais, que foram retiradas em janeiro após um acordo sobre o programa nuclear de Teerã.
"Nossa situação é totalmente diferente da dos países que têm produzido em níveis elevados nos últimos anos", disse à Reuters uma fonte sênior familiarizada com a posição iraniana.
O ministro iraniano do Petróleo, Bijan Zanganeh, também sinalizou que não concordaria com um congelamento da produção em níveis de janeiro, dizendo que o país não irá abrir mão de sua fatia apropriada no mercado global.