Por Julie Steenhuysen
CHICAGO (Reuters) - Três ultrassonografias realizadas nas primeiras semanas de gravidez em uma mulher finlandesa infectada pelo Zika não mostraram sinais de dano cerebral em um feto mais tarde diagnosticado com microcefalia, disseram pesquisadores norte-americanos em um estudo publicado nesta quarta-feira.
A mulher, que vive nos Estados Unidos, não foi identificada, mas ela foi infectada durante uma viagem de férias ao México, Guatemala e Belize em novembro de 2015. O local exato da transmissão não era conhecido.
Na 19ª semana de gravidez foram apontados os primeiros sinais de má-formação cerebral em um ultrassom. Um estudo usando ressonância magnética mostrou extensas anormalidades cerebrais. Estudos mostraram que o cérebro do feto tinha encolhido de uma circunferência normal de cabeça de percentil 47 na semana 16 para percentil 24 na semana 20. Mesmo assim, a circunferência da cabeça ainda não era pequena o suficiente para ser classificada como microcefalia, relataram os pesquisadores.
Mas, dada a extensão dos danos observados na ressonância, a mulher pôde interromper a gravidez na 21ª semana.
"O que nosso estudo sugere é que os médicos devem usar precaução em pacientes que têm exames de ultrassom fetal normal no início de suas gravidezes", disse Adre du Plessis, diretor do Instituto de Medicina Fetal do Sistema Nacional de Saúde Infantil de Washington, co-autor do estudo publicado nesta quarta-feira no New England Journal of Medicine.
Du Plessis afirmou que um único ultrassom pode não capturar anormalidades cerebrais fetais associadas à infecção que podem piorar ao longo da gravidez.
"Há muito que não sabemos sobre esta cepa atual e surto de vírus Zika. Parece estar se comportando de forma diferente do que no passado", declarou du Plessis em uma teleconferência com repórteres.
"O que sabemos com certeza é que se o cérebro fetal é afetado, isso parece ser uma situação muito ruim", disse ele.