Sem vencedores: Dilma e Cunha travaram uma guerra mortal, que culminou no afastamento de ambos do poder (Antônio Cruz/Agência Brasil)
SÃO PAULO – A presidente afastada Dilma Rousseff teria oferecido a Eduardo Cunha, pessoalmente, a ajuda de cinco ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para livrá-lo das acusações de que é alvo na Operação Lava Jato. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Cunha diz que, em 1º de setembro do ano passado, quando foi recebido em audiência, Dilma teria lhe afirmado que “tinha cinco ministros do Supremo para poder me ajudar.”
Naquela época, o presidente afastado da Câmara já havia rompido publicamente com Dilma, a quem culpava pelo fato de a Lava Jato ter chegado a seu nome. Cunha também acabava de ser denunciado, pelos procuradores, por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Ainda na entrevista à Folha, Cunha afirmou que não pensou em denunciar a proposta de Dilma, porque a considerou sem clareza e “uma bravata”. O deputado peemedebista acrescentou que a presidente afastada não mencionou, especificamente, o que estaria disposta a fazer, nem quem são os membros da corte que ela dizia estar dispostos a ajuda-lo.
O presidente afastado da Câmara também negou qualquer articulação com Temer, para acelerar o processo de impeachment de Dilma, e também rejeitou a ideia, que circula em parte da imprensa e em Brasília, de que seria o mentor da decisão de Waldir Maranhão (PP-MA), que assumiu o comando da Casa com o afastamento de Cunha. Maranhão decidiu, na semana passada, anular o processo de impedimento da petista – o que revoltou muitos de seus colegas da Câmara, o Judiciário e a maioria da população, que defende convictamente a saída de Dilma.