A transição política oferece a esperança, mas não a certeza, de melhores políticas, diz Alberto Ramos (Goldman Sachs/Reprodução)
SÃO PAULO – A magnitude dos desafios econômicos brasileiros, as condições imperfeitas de governabilidade e a incerteza gerada pela extensão das investigações da Lava Jato vão manter o caminho, do ponto de vista do mercado financeiro, irregular, barulhento e propenso ao revés ocasional. A conclusão é do economista sênior do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
“A transição política oferece a esperança, mas não a certeza, de melhores políticas”, afirma Ramos em um extenso relatório divulgado nesta sexta-feira (27) em que avalia os estágios iniciais da transição política que ele chama de “complexa”.
Ele observa que devido ao péssimo desempenho econômico dos últimos anos e o instável cenário político há uma grande esperança investida nessa transição política, sustentada pela expectativa de que ela possa endereçar um ambiente econômico e político melhores.
Para o banco, o tempo é essencial nesta fase do governo interino de Michel Temer, uma vez que a nova administração pode enfrentar uma lua de mel limitada com os mercados, a população e o Congresso.
“Em nossa avaliação, endereçar os desafios fiscais e criar as condições para uma recuperação cíclica da economia exigirá habilidade política, determinação, um forte sentido de propósito e, acima de tudo, uma clara mudança na orientação política”, avalia Ramos.
O Goldman avalia que o governo de Temer escolheu uma equipe econômica com credibilidade, de alto calibre e com experientes e bem treinados tecnocratas.
“Esperamos que a nova equipe econômica mostre um forte compromisso na contenção dos gastos do governo e na melhora de sua eficiência, e que aponte um caminho/trajetória fiscal que e preveja o retorno de superávits primários em dois ou três anos”, afirma.
O economista do Goldman ressalta que, em última análise, a eficácia da nova equipe econômica na condução das políticas e na superação das atuais dificuldades dependerá criticamente do grau de suporte político: da capacidade de construir pontes e garantir o consenso necessário no Congresso para aprovar a agenda de reformas extremamente necessárias, mas também impopulares.