SÃO PAULO (Reuters) - A Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de pouco mais de 102 milhões de reais do ex-ministro Paulo Bernardo e de outros investigados da operação Custo Brasil, que apura supostas irregularidades em contratos do Ministério do Planejamento.
Segundo a decisão do juiz Paulo Bueno de Azevedo, proferida no dia 6 de junho mas só divulgada nesta terça-feira, o valor se refere ao montante que, de acordo com os investigadores, foi desviado no esquema de corrupção envolvendo o gerenciamento por uma empresa dos empréstimos consignados contraídos por servidores federais.
O PT também havia tido recursos bloqueados, mas o juiz aceitou pedido do partido para desbloquear a conta corrente em que recebe os recursos do fundo partidário.
Bernardo, que chegou a ser preso no âmbito da Custo Brasil mas foi posteriormente solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), teria, de acordo com investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, recebido propina por conta do contrato de gerenciamento de empréstimos consignados.
Sobre a decisão do bloqueio de bens, os advogados Rodrigo Mudrovitsch, Juliano Breda e Verônica Stermann, que representam Bernardo, afirmaram que pedirão a revogação da decisão e classificaram as suspeitas sobre o ex-ministro de "comprovadamente infundadas".
Bernardo foi ministro do Planejamento e das Comunicações nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff.
A defesa de Paulo Bernardo nega quaisquer irregularidades e afirma que a decisão de contratar a empresa para gerar os empréstimos sequer passou pelo então ministro do Planejamento.
Os investigadores afirmam que parte da propina do esquema era destinada ao PT. O partido também nega irregularidades.
(Reportagem de Eduardo Simões)