Por Andrea Shalal e Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades dos Estados Unidos pediram nesta quinta-feira aos parceiros da coalizão contra o Estado Islâmico o aumento do compartilhamento de informações para combater a expansão do grupo militante para além do Iraque e da Síria, e disseram que uma vitória na cidade iraquiana de Mosul, no norte do país, estava agora à vista.
Falando na abertura de um encontro de mais de 30 autoridades de defesa e política externa da coalizão liderada pelos EUA, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que enquanto estima-se que o número de combatentes do Estado Islâmico tenha se reduzido em um terço, o grupo estava se transformando “de um estado falso em algum tipo de rede global”.
Uma série de ataques recentes reivindicados ou aparentemente inspirados pelo Estado Islâmico, como a ação com um caminhão em Nice, na França, que matou 84 pessoas na semana passada, significou um pano de fundo sombrio para os dois dias de reunião em Washington com o objetivo de combater o grupo.
Depois dos ataques mortais em Paris e Bruxelas, em particular, os EUA pressionaram aliados para compartilhar informações sobre militantes suspeitos, alguns dos quais cruzaram com facilidade fronteiras internas europeias.
O encontro desta quinta teve como objetivo demonstrar a unidade da coalizão, mas a recente tentativa de golpe na Turquia levantou dúvidas sobre o foco do país nesse combate.
Antes de Kerry falar, o líder da Coalizão Nacional Síria, apoiada pelo Ocidente, defendeu a suspensão da campanha aérea na Síria, em meio a relatos de dezenas de civis mortos em ataques aéreos na região da cidade de Manbij, até que incidentes sejam investigados.
Kerry afirmou que romper barreiras estruturais era crucial para permitir um maior compartilhamento de informações sobre ameaças, ao mesmo tempo que o grupo busca intensificar o recrutamento, adotando novos idiomas e se movendo para novos territórios.
"O compartilhamento de informações sempre foi uma grande parte do que a coalizão faz e está desempenhando um papel chave nos nossos esforços para impedir combatentes terroristas estrangeiros de viajarem para a Síria e para o Iraque, mas também está claro agora que nós temos de fazer mais”, declarou ele.
"Temos que continuar quebrando as barreiras estruturais e burocráticas para sermos capazes de trocar informações atualizadas ainda mais rapidamente e amplamente, para que um guarda de fronteira no sul da Europa tenha as mesmas informações sobre um terrorista suspeito do que um agente de segurança de aeroporto em Manila”, completou.
Brett McGurk, enviado dos EUA para a coalizão, disse durante o encontro que a liberação de Mosul, a capital do Estado Islâmico no Iraque, “está agora à vista”.
O ministro de Defesa do Iraque, Khalid al-Obeidi, declarou que menos de dez por cento do território iraquiano está nas mãos do Estado Islâmico, mas que avanços nos campos de batalha não têm significado ganhos em segurança.
"Progresso no desempenho militar deve ser acompanhado com progresso na área de segurança”, disse ele, de Washington, via Twitter.
Um atentado suicida a bomba reivindicado pelo Estado Islâmico neste mês, em que pelo menos 292 pessoas morreram em Bagdá, foi um “exemplo claro” desse fracasso, disse ele.
(Reportagem adicional de Warren Strobel)