Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava quase 2,5 por cento ante o real nesta quarta-feira com a surpreendente vitória do republicando Donald Trump à Casa Branca levando os investidores ao redor do globo a promoverem correção nos ativos com maior aversão risco.
Às 9:59, o dólar avançava 2,28 por cento, a 3,2395 reais na venda, depois de bater 3,2500 reais na máxima do pregão. O dólar futuro registrava ganho de 2 por cento.
Nos quatro pregões anteriores, o dólar havia acumulado queda de 2,28 por cento sobre o real com apostas de que Trump não sairia vitorioso da eleição.
O republicano surpreendeu o mundo derrotando a franca favorita Hillary Clinton na eleição presidencial dos Estados Unidos na terça-feira, encerrando oito anos de governo democrata e colocando o país em um caminho novo e incerto.
"Acho que o dólar pode ir a 3,30 reais até a próxima semana porque ninguém estava precificando a vitória de Trump", comentou o analista de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Marcos Jamelli.
Rico empresário do setor imobiliário e ex-apresentador de reality show, Trump capitalizou uma onda de revolta contra Washington para vencer Hillary, candidata democrata, cujo currículo no establishment inclui as funções de primeira-dama, senadora e secretária de Estado dos EUA.
Com a onda de aversão ao risco, que elevou a busca por ativos considerados mais seguros, como ouro e iene, o dólar disparava ante divisas emergentes, destaque ao peso mexicano.
Trump fez um discurso considerado conciliador após sua vitória, diferentemente do estilo agressivo adotado em toda a sua campanha, o que reduziu um pouco o temor nos mercados financeiros. Apesar disso, os investidores devem permanecer estressados até ter conhecimento do que de fato o presidente eleito vai conseguir colocar em prática das propostas radicais que anunciou em sua campanha.
"Passado o primeiro momento de intranquilidade, o mercado tende a se ajustar quando passar o susto", comentou o gerente de câmbio corretora Fair, Mário Battistel.
Nesta manhã, o Banco Central não fez seu tradicional de leilão de swap cambial reverso, justamente para não adicionar ainda mais pressão compradora ao dólar.