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Prova de fogo da UE, reunificação alemã impulsionou integração europeia

Publicado 23.03.2017, 18:50
© Reuters.  Prova de fogo da UE, reunificação alemã impulsionou integração europeia

Rodrigo Zuleta

Berlim, 23 mar (EFE).- A reunificação da Alemanha aumentou o peso do país na União Europeia (UE), que apoiou o processo desencadeado em 1989 apesar das reservas iniciais, e abriu a porta da ampliação para o leste.

O processo de união da Alemanha, assim como as revoluções políticas no leste da Europa, acabou acelerando o processo de integração europeia.

Depois de três anos da reunificação, foi assinado o Tratado de Maastrich, que firmou as bases para a união monetária e onde, além disso, foi trocado o antigo nome de Comunidade Econômica Europeia (CEE) pelo de União Europeia (UE), o que refletia o desejo de dar mais peso político à organização.

O processo de ampliação rumo ao leste, além disso, se deu a passos gigantescos, o que significava uma expansão do modelo liberal europeu até as fronteiras da extinta União Soviética e era uma expressão a mais do triunfo do Ocidente na Guerra Fria.

No entanto, quando começou a ficar evidente que a reunificação alemã era iminente - o mais tardar com a queda do muro de Berlim em 1990 - as primeiras reações em Bruxelas e em muitas capitais europeias foram de preocupação.

Por um lado, do ponto de vista prático, temia-se que a reunificação pudesse prejudicar o processo de integração do mercado único ao qual tinham se comprometido os 12 países que então pertenciam à CEE.

Por outro lado, como lembram os politólogos Eun-Jeung Lee e Werner Pfennig em um ensaio sobre o tema, muitos líderes europeus com responsabilidades políticas pertenciam a uma geração que tinha vivido a Segunda Guerra Mundial e isso, sobretudo nos países vizinhos à Alemanha, despertava ainda certos rumores.

Até hoje, segundo explicou a analista política Daniela Schwarzer, em um encontro com a imprensa estrangeira perante o 60° aniversário do Tratado de Roma, há preocupação em Berlim de que outros parceiros europeus sintam a influência alemã como demais forte, o que poderia despertar atitudes contra a integração.

Helmut Kohl, chanceler no período da reunificação alemã, lembraria muitos anos depois em suas memórias que, dos líderes do momento, apenas o então presidente do Governo espanhol, Felipe González, e o primeiro-ministro irlandês, Charles Haughey, apoiaram sem reservas o projeto de uma só Alemanha.

A então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, segundo o próprio Kohl, foi a que com mais agressividade atacou o chamado plano de dez pontos para a reunificação, na cúpula europeia de 6 e 7 de dezembro de 1989 em Estrasburgo.

Outros líderes com uma boa relação com Kohl, como o holandês Ruud Lubbers e, antes de tudo, o presidente francês, François Mitterand, também tiveram inicialmente uma atitude negativa.

Apesar dessas resistências, na cúpula de Estrasburgo foi possível introduzir no comunicado final uma declaração sobre o direito de autodeterminação dos alemães e também sobre o direito à reunificação.

Além disso, o então presidente da Comissão Europeia (CE), Jacques Delors, encomendou a preparação de um documento estratégico sobre a atitude dos 12 frente à reunificação.

Segundo uma versão que nunca foi confirmada por nenhum dos protagonistas, mas que circula insistentemente na Alemanha, um dos passos fundamentais para que Mitterand depusesse sua resistência ao processo de reunificação foi a aceitação do euro por parte de Kohl.

Até então, a posição dominante na Alemanha era que a Europa devia avançar na integração política, antes de consolidar uma união monetária.

Praticamente até a introdução do euro no país houve temores perante o que podia ocorrer com o desaparecimento do marco alemão, que tinha sido o símbolo do milagre econômico como moeda forte e confiável.

Os franceses, por outro lado, queriam avançar na união monetária, em parte para acabar com a influência do Bundesbank.

Certo ou não de que a aceitação da união monetária foi o preço pago por Kohl para que Mitterand aceitasse a reunificação, o processo se acelerou após a cúpula de Estrasburgo e Kohl relançou sua teoria de que a integração europeia e a reunificação alemã eram duas caras da mesma moeda.

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