Bruxelas/Estrasburgo, 13 set (EFE).- O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, tentou nesta terça-feira novamente acalmar os mercados em uma viagem a Bruxelas e Estrasburgo, na qual obteve palavras de confiança dos líderes das instituições europeias em mais um dia turbulento para a economia italiana.
Em um breve comparecimento diante da imprensa ao lado do presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, com quem se reuniu nesta terça-feira em Bruxelas, Berlusconi afirmou que as bases econômicas da Itália são "boas", o déficit é o segundo mais baixo, as famílias italianas estão economizando e as empresas contendo seu déficit.
Berlusconi aproveitou a ocasião para atacar a oposição italiana e acusá-la de manchar a imagem do país com suas críticas ao Governo. Os encontros do governante com Van Rompuy, na capital belga, e com o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso, e o líder da Eurocâmara, o polonês Jerzy Buzek, em Estrasburgo, levantaram uma polêmica na Itália, já que aconteceram no mesmo dia em que o chefe do governo italiano deveria comparecer a uma audiência judicial em Nápoles
Segundo a Comissão Europeia, a reunião com Barroso ocorreu "a pedido do governo italiano" e foi marcada na semana passada levando em conta "as agendas dos dois líderes".
Enquanto Berlusconi criticava a oposição, defendia a solidez da economia italiana e o próprio euro, ao qualificá-lo como "a bandeira" da Europa.
A Itália viveu outra jornada de sobressaltos nos mercados, com a prêmio de risco de sua dívida muito próxima do nível máximo que atingiu desde a criação do euro, e com um leilão de bônus no qual fixou uma rentabilidade recorde de 5,6%.
Roma aposta que o último plano de ajuste que será aprovado amanhã definitivamente pela Câmara dos Deputados ajudará a aliviar a pressão sobre a dívida italiana, e lhe proporcionará alívio tanto em casa, entre os cada vez mais impacientes cidadãos, como nos mercados. O último plano de ajuste orçamentário, no valor de 54 bilhões de euros, pretende contribuir para o equilíbrio das contas públicas em 2013.
O plano de austeridade, que vem depois do de 79 bilhões de euros aprovado em 15 de julho, inclui uma alta de um ponto percentual, de 20 para 21%, do IVA, o que representará uma arrecadação de 4 bilhões de euros ao ano.
Entre as medidas estão, além disso, um imposto de 3% sobre as rendas que superarem os 300 mil euros anuais e a antecipação de 2016 para 2014 do atraso progressivo da idade de aposentadoria das mulheres no setor privado, que será igual à dos homens - passará de 60 para 65 anos.
Berlusconi, que vê mais problemas na zona do euro como um todo do que apenas em seu país, considera que, para pôr fim às ameaças que a moeda única enfrenta, a resposta está em "uma maior governança econômica comunitária".
"É preciso se concentrar em uma governança comum, cada país não pode ter uma política fiscal ou financeira distinta, um país como a Eslovênia não pode colocar objeções ao resgate grego, por exemplo", disse. "A Europa tem a cabeça pequena e o corpo grande demais", acrescentou. EFE