SÃO PAULO (Reuters) - O juiz Sérgio Moro aceitou nesta quinta-feira denúncia contra o ex-presidente da Petrobras (SA:PETR4) e do Banco do Brasil (SA:BBAS3) Aldemir Bendine, tornando-o réu em processo ligado à operação Lava Jato, de acordo com despacho do magistrado.
Bendine é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber, quando presidia a Petrobras, 3 milhões de reais em propinas pagas pela Odebrecht.
Ele teria solicitado os recursos quando ainda presidia o Banco do Brasil, em função de uma operação de crédito que favoreceu a Odebrecht Ambiental, mas a empreiteira decidiu pagar a propina, de acordo com a denúncia, quando Bendine assumiu o comando da estatal petroleira.
"Alega o MPF que Aldemir Bendine, por conta da vantagem
indevida, 'deu início a movimentações internas na Petrobrás com o intuito de favorecer o grupo empresarial Odebrecht', apontando mensagens eletrônicas nesse sentido. Os fatos configurariam crime de corrupção ativa e passiva", disse Moro em seu despacho.
Para Moro, "há, em cognição sumária, elementos probatórios suficientes de autoria e de materialidade" na denúncia, o que levou o magistrado a aceitar a acusação do Ministério Público.
O ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht também tornou-se réu na mesma ação penal.
Bendine, que está preso pela Polícia Federal desde o fim de julho, foi presidente-executivo da Petrobras de fevereiro de 2015 a maio de 2016, tendo sido indicado para o cargo pela então presidente da República, Dilma Rousseff, após a deflagração da Lava Jato.
Quando da apresentação da denúncia pelo MPF na última terça-feira, a defesa de Bendine negou que ele tenha cometido irregularidades e afirmou que a atuação do executivo nas duas estatais pautou-se pela legalidade e que não houve benefícios à Odebrecht.
(Por Eduardo Simões)