Por David Lawder e Alexandra Ulmer
WASHINGTON/CARACAS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto presidencial que proíbe transações com novos títulos de dívida do governo da Venezuela ou de sua petroleira estatal na tentativa de interromper o financiamento que alimenta a "ditadura" do presidente Nicolás Maduro, anunciou a Casa Branca nesta sexta-feira.
O decreto é o maior pacote de sanções adotado por Washington contra Maduro até hoje e tem por meta punir o governo de esquerda pelo que Trump classificou como uma erosão da democracia no país rico em petróleo, já sofrendo com uma crise econômica.
"Estas medidas são calibradas cuidadosamente para negar à ditadura de Maduro uma fonte crucial de financiamento para manter seu controle ilegítimo, blindar o sistema financeiro dos Estados Unidos de uma cumplicidade com a corrupção na Venezuela e com o empobrecimento do povo venezuelano", disse a Casa Branca em um comunicado.
Proibir negociações com títulos novos tornará difícil para a combalida petroleira PDVSA refinanciar o pesado fardo de sua dívida. Investidores esperavam que a empresa tentasse reduzir pagamentos iminentes por meio de uma operação como essa, que geralmente exige a emissão de novos papéis.
A medida pode deixar a estatal já carente de dinheiro mais perto de um possível calote, ou intensificar sua dependência da China e da Rússia, parceiros essenciais que já emprestaram bilhões de dólares a Caracas.
Mas o decreto protege os portadores da maioria dos títulos existentes do governo e da PDVSA, que ficaram aliviados pelo fato de as sanções não terem ido mais longe.
Para o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, os EUA estão tentando fomentar uma crise humanitária no país.
As sanções são uma "política incivilizada", e a Venezuela é "vítima de notícias falsas" que exageram a extensão de sua crise econômica, disse o chanceler Jorge Arreaza na Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
Os ministérios da Informação e do Petróleo e a PDVSA não responderam de imediato a um pedido de comentário.
As sanções aumentam a pressão sobre a PDVSA, o motor financeiro do governo de Maduro, que está sofrendo com os preços globais baixos do petróleo, a má administração, alegações de corrupção e fuga de talentos.
Até agora Trump poupou a Venezuela de sanções mais abrangentes contra a vital indústria petrolífera, mas autoridades disseram que tais ações estão sendo cogitadas.
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, H.R. McMaster, disse em uma entrevista coletiva que os EUA não têm planos de tomar medidas militares na Venezuela, mas que Trump pretende analisar "uma ampla gama de ... opções integradas" no futuro.
(Reportagem adicional de Corina Pons em Caracas, Marianna Parraga em Houston, Tim (SA:TIMP3) Ahmann e Ayesha Rascoe em Washington e Rodrigo Campos em Nova York)