Por Padraic Halpin
DUBLIN (Reuters) - A Irlanda se tornará o segundo país a testar uma nova ferramenta que o Facebook acredita que vai garantir maior transparência na propaganda política, quando realizar um referendo sobre o aborto no mês que vem, disse o vice-presidente de política global da empresa nesta terça-feira.
O Facebook introduziu a ferramenta neste mês como parte das medidas para deter o tipo de interferência eleitoral e a guerra de informações online que as autoridades norte-americanas acusaram a Rússia de perseguir, embora Moscou tenha negado as acusações.
A ferramenta "visualizar anúncios", que permite aos usuários visualizar todos os anúncios que um determinado anunciante está executando naquela jurisdição, foi testada com sucesso no Canadá, disse Joel Kaplan.
"A partir de 25 de abril, adicionaremos a Irlanda à primeira fase do nosso programa piloto dos nossos esforços de transparência, o 'visualização de anúncios'. A Irlanda será o segundo e único país que lançaremos antes da implantação global", disse Kaplan à uma comissão parlamentar irlandesa.
"Esperamos que isso traga maior transparência aos anúncios em exibição no contexto do próximo referendo sobre a oitava emenda" da Constituição irlandesa, disse ele.
O Facebook tem sido inundado por preocupações com a privacidade desde que reconheceu no mês passado que informações de milhões de usuários acabaram erroneamente nas mãos da consultoria política Cambridge Analytica, que teve entre seus clientes a campanha eleitoral do presidente Donald Trump em 2016.
Kaplan disse que a ferramenta provavelmente será lançada globalmente até meados de junho.
O plebiscito irlandês sobre liberar ou não suas leis sobre o aborto dará aos eleitores a primeira oportunidade em 35 anos de reformar um dos regimes mais rigorosos do mundo, que por muito tempo dividiu profundamente a nação católica.
A natureza divisiva da questão despertou a preocupação de que os anúncios nas mídias sociais possam ser direcionados para influenciar o comportamento dos eleitores.
A Transparent Referendum Initiative, um grupo voluntário criado para promover maior transparência sobre os anúncios de mídia social antes da votação, disse que a medida foi um primeiro passo positivo e pediu que outros, como Google e YouTube, façam o mesmo.
(Por Padraic Halpin )