Andrés Mourenza.
Atenas, 7 set (EFE).- O futuro da Grécia está na Zona do Euro, mas sua permanência depende, principalmente, de que o país respeite os compromissos firmados pelo governo diante de seus parceiros europeus para aprovar o novo plano de contenção para os próximos dois anos.
Essa foi a mensagem de apoio condicionado que o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, entregou nesta sexta-feira ao primeiro-ministro grego, o conservador Antonis Samaras.
"Estou convencido de que o futuro da Grécia está na Eurozona. Estou convencido de que, contanto que a Grécia respeite seus compromissos, os parceiros europeus continuarão apoiando que permaneça na Eurozona", afirmou o líder europeu em entrevista à imprensa após a reunião com Samaras.
Van Rompuy manifestou sua convicção de que o governo grego "levará a cabo seu programa" de medidas de economia avaliado em 11,6 bilhões de euros que a UE exige em troca de um novo pacote de ajuda financeira.
Samaras, por sua vez, pediu a Van Rompuy que o novo empréstimo, de 31 bilhões de euros, parte do segundo resgate à Grécia, seja entregue a Atenas "o mais rápido possível, para que haja a liquidez necessária para que o crescimento seja retomado".
A Grécia precisa dos fundos para pagar os vencimentos da dívida dos próximos meses e para fazer a recapitalização dos bancos, que já demora mais do que o planejado.
O pagamento não foi feito e sua aprovação depende do relatório d os chefes de missão da Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, que chegaram hoje a Atenas para examinar o novo plano de austeridade.
No domingo à tarde, os chefes da chamada troika se reunirão com o ministro das Finanças grego, Yannis Sturnaras, e ao meio-dia de segunda-feira, com o primeiro-ministro.
Apesar da urgência, o plano de medidas de contenção não está completamente fechado, e após uma polêmica demora, o conservador Samaras anunciou hoje que fará uma reunião no domingo com membros de seu governo - o social-democrata Evangelos Venizelos e o centro-esquerdista Fotis Kouvelis - para tentar chegar a um consenso.
Os novos cortes, que já geraram grandes protestos entre os empregados públicos e os sindicatos, não agradam a todos nos partidos do governo.
Quatro dirigentes do partido social-democrata Pasok enviaram hoje uma carta ao Ministério das Finanças em que pedem que as pensões da Previdência e os salários públicos mais baixos não sejam reduzidos.
Por sua vez, o partido centro-esquerdista entregou a Samaras uma proposta de medidas alternativas que cortariam as despesas da Defesa e da Saúde, em vez da Previdência.
Por enquanto, Samaras comunicou a Van Rompuy que ordenou que o processo de privatizações seja acelerado para obter renda e reduzir o déficit público.
Por outro lado, o Instituto de Estatística da Grécia divulgou hoje que o Produto Interno Bruto recuou 6,3% no segundo trimestre do ano, mantendo a recessão que já dura cinco anos.
Na quinta-feira, o Centro de Planejamento e Pesquisas Econômicas (Kepe), ligado ao governo, avisou que se os novos cortes forem aplicados no prazo de dois anos, o que é exigido por Bruxelas apesar das reivindicações gregas de maior tempo, a recessão continuará também durante 2013 e 2014.
A oposição, liderada pela esquerda radical do Syriza, já manifestou sua rejeição ao novo plano de austeridade e, seu líder, Alexis Tsipras, criticou hoje Sturnaras, dizendo que a situação grega não pode ser comparada à crise argentina de 2001.
"Quem dera fôssemos a Argentina. Eles passaram um mau momento mas conseguiram se reerguer com dignidade. Por outro lado, os senhores estão nos levando a uma situação pior, a uma situação de subjugação", queixou-se Tsipras no Parlamento. EFE
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