Julio César Rivas.
Montreal (Canadá), 9 jun (EFE).- A mudança climática e a crise
financeira podem criar uma série de oportunidades para as economias
de países desenvolvidos e emergentes, afirmaram especialistas no 15º
Fórum Econômico Internacional das Américas.
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mexicano Ángel Gurría, disse
hoje que os pacotes de estímulo fiscal lançados no auge da crise
oferecem às economias do mundo uma ótima chance de se tornarem mais
ecológicas.
Em termos similares se expressou Haruhijo Kuroda, presidente do
Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), que, com Gurría, participou
das sessões do dia da Conferência de Montreal.
Kuroda afirmou que o vínculo entre energia e desenvolvimento
sustentável é um dos maiores problemas de nosso tempo, "e, claro,
uma grande preocupação para a Ásia e o Pacífico, onde, em
particular, a mudança climática passou rapidamente" a ser
prioridade.
"Sob meu ponto de vista, estas crises (financeira e ambiental)
são uma oportunidade. Num momento em que os investimentos precisam
desesperadamente estimular as economias, podemos utilizá-los em
projetos de desenvolvimento limpo, que ajudarão minimizar a mudança
climática", acrescentou.
O presidente e executivo-chefe da americana General Electric
(GE), Jeffrey Immelt, foi mais explícito. "Verde é verde", afirmou,
referindo-se aos investimentos em tecnologias limpas e sustentáveis,
que, segundo disse, oferecem grande rentabilidade.
"Não sou um ecologista. Nunca fui de acampar. Digo isso com toda
a honestidade. Sou um homem de negócios. Vejo que a demanda por
energia dobrará nos próximos 20 anos. A China e a Índia comprarão
mais gasolina que o resto do mundo nos próximos 40 ou 50 anos"
explicou Immelt.
"Portanto, na GE, concluímos que queremos ter uma grande
iniciativa em energia limpa", ressaltou.
Apesar das grandes oportunidades e benefícios que os
investimentos em energias limpas e renováveis oferecem, Gurría
advertiu que a gravidade da crise econômica atual pode fazer alguns
Governos decidirem não apostar neles.
"Estes esforços a curto prazo para revitalizar a economia não
deveriam ser feitos em detrimento, a longo prazo, do meio ambiente",
acrescentou.
Immelt também alertou para os riscos que os países que não
investirem em tecnologias renováveis correrão. Além disso,
mostrou-se especialmente crítico em relação ao setor energético e ao
papel dos Estados Unidos.
"Os investimentos tecnológicos no setor energético nos últimos 20
anos foram patéticos", disse Immelt, que comparou a falta de
inovação do setor com as constantes mudanças no setor médico, onde
"já estamos na oitava geração" de produtos.
Immelt ressaltou que, em termos de investimento, a GE vê um
grande futuro na conservação e na eficiência energéticas, nos
veículos elétricos e nas baterias, na energia nuclear e na captura
de carbono.
Mas o diretor de GE ressaltou que os EUA ficaram para trás em
todos estes campos e encara graves problemas.
"A China é líder em captura de carbono. A Europa, em energias
renováveis. A França, em energia nuclear. O Japão, em baterias"
disse.
Kuroda, por sua vez, disse que o BAD calcula que a região
Ásia-Pacífico crescerá 3,4% este ano e que, em 2010, o crescimento
chegará a 6%, o que permitirá maiores investimentos.
"E se administrarmos esses investimentos com sabedoria, poderemos
ajudar a região a crescer com baixas emissões de carbono", afirmou.
EFE