Dacar, 27 jan (EFE).- O Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) anunciou nesta quinta-feira sua decisão de fechar todas as suas filiais na Costa do Marfim, segundo declarou em comunicado oficial divulgado em Dacar.
Com esta medida, o BCEAO reage à decisão de Laurent Gbagbo de nomear um diretor nacional e requisitar todos os escritórios nacionais do banco.
Segundo a nota, a decisão de Gbagbo é uma "violação flagrante dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado da Costa do Marfim, em particular mediante o Tratado de União Econômica e Monetária da África Ocidental (Uemoa)".
A decisão de fechar as filiais do BCEAO na Costa do Marfim não impediu que o ministro da Economia e Finanças do Governo designado por Gbagbo, Désiré Dallo, confiscasse nesta quarta-feira mais de US$ 110 milhões que estavam nos caixas das agências em Abidjan.
Costa do Marfim, Benin, Burkina Fasso, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo são os oito países que formam a Uemoa, que reconhece Alassane Ouattara como presidente do país.
Os líderes do bloco, reunidos no fim de semana passado em Bamaco (Mali), forçaram a renúncia do anterior chefe do BCEAO, o marfinense Henri Philippe Dacoury Tabley, aliado de Gbagbo que foi substituído interinamente por Jean-Baptiste Compaoré.
Gbagbo e Alassane Ouattara disputam a gestão do BCEAO e, enquanto o primeiro decretava a inspeção dos escritórios da entidade no país, o segundo o acusou de querer "saquear os recursos" marfinenses.
Um sistema de compensação com o BCEAO torna possível o pagamento dos salários dos funcionários e empregados da administração pública pelos bancos comerciais e o bloqueio das contas no organismo financeiro regional, agora controladas por Ouattara, deixaria a Gbagbo sem poder pagar os salários.
Ouattara, cujos representantes já têm as assinaturas nas contas da Costa do Marfim no BCEAO, pretende afogar financeiramente seu rival e assim impedir os pagamentos para estrangular sua administração e obrigá-lo a abandonar o poder. EFE