Por Kevin Yao e Pete Sweeney
PEQUIM/XANGAI (Reuters) - O banco central da China disse nesta quinta-feira que não há motivo para o iuan cair mais por conta dos fortes fundamentos econômicos do país, em um esforço para tranquilizar os nervosos mercados globais após o BC desvalorizar sua moeda no início da semana.
Com o iuan perdendo terreno pelo terceiro dia consecutivo, o Banco do Povo da China disse que o ambiente econômico, superávit comercial sustentado, posição fiscal sólida e grandes reservas internacionais dão fornecem "forte suporte" à taxa de câmbio.
A decisão da China de desvalorizar a moeda na terça-feira por meio de uma redução de 2 por cento da taxa que serve de referência para o mercado provocou temores de uma "guerra cambial" e golpeou os mercados financeiros globais, derrubando outras moedas asiáticas às mínimas em anos.
A manobra também atraiu acusações de políticos dos Estados Unidos de que Pequim estava concedendo uma vantagem desleal a seus exportadores.
O banco central disse então que a manobra era uma depreciação não recorrente, mas fontes envolvidas no processo de tomada de decisões na China disseram à Reuters que vozes poderosas dentro do governo estão pressionando para que o iuan recue ainda mais, sugerindo pressão por uma desvalorização de quase 10 por cento.
O vice-presidente do banco central, Yi Gang, disse que não faz sentido acreditar que o iuan recue tanto.
Nesta quinta-feira, o Banco do Povo da China disse que não há base para depreciação contínua do iuan.
No entanto, mesmo se o banco central for bem-sucedido em impor um piso ao iuan por ora, dados econômicos fracos para julho e expectativas de mais cortes de juros ainda neste ano devem alimentar expectativas de que as autoridades podem permitir que a moeda se enfraqueça mais.
REFORMAS EM RISCO?
A agência Fitch disse nesta quinta-feira que a depreciação do iuan "destaca pressões mais amplas sobre a economia", mas também demonstra que as autoridades permanecem comprometidas com reformas de livre mercado, comprometimento que muitos haviam questionado após as pesadas intervenções de Pequim para limitar o tombo das bolsas de valores em junho.
O vice-presidente Yi disse que a China vai acelerar a abertura do mercado de câmbio e vai atrair mais investidores estrangeiros à medida que liberaliza seus mercados financeiros.
Autoridades disseram que o banco central havia parado de intervir "regularmente" no mercado de câmbio mas reconheceram que a autoridade monetária pode conduzir "administração efetiva" do iuan em casos de extrema volatilidade.
Operadores disseram que o banco central pareceu ter sido pego no contrapé pela intensidade das vendas provocadas pela surpreendente decisão de terça-feira e acreditam que o banco central ordenou que grandes bancos estatais apoiassem a moeda no fim do pregão de quarta-feira, o que influenciou a taxa oficial do dia seguinte.
Parecia também que bancos estatais estivessem comprando iuanes e vendendo dólares nesta quinta-feira.
Embora o iuan tenha aberto em leve queda nesta quinta-feira, a taxa à vista operava apenas 0,1 por cento abaixo da taxa referencial, menor diferencial desde novembro, com o banco central tentando desacelerar as vendas que derrubaram a moeda em cerca de 3,2 por cento desde o fechamento de segunda-feira.
Atualmente é permitido que a cotação à vista seja negociada dentro de uma faixa de 2 por cento acima ou abaixo do ponto médio fixado oficialmente em qualquer dia, e ela tem sido negociada consistentemente mais fraca do que esse ponto em 1 por cento desde março.