Durban, 25 jun (EFE).- O Brasil que venceu a Coreia do Norte na
estreia voltou a campo nesta sexta-feira e empatou sem gols com
Portugal, terminando em primeiro lugar o grupo G da Copa da África
do Sul.
Veio o resultado, a classificação às oitavas de final. Há quem
defenda esse estilo, quem prefira ver as coisas por esse lado. Mas
também há quem aprecie gols e o bom futebol. Estes últimos
certamente não gostaram do que viram em campo no estádio Moses
Mabhida, em Durban.
Justiça seja feita, não só do lado brasileiro. Cristiano Ronaldo
esteve no gramado sim, durante os 90 minutos. Mas apenas faíscas de
seu verdadeiro brilho deram o ar da graça. Talvez, para que o
espetáculo tivesse acontecido, Kaká e Robinho também deveriam ter
participado do jogo. Mas não foi o que aconteceu.
Quando a Fifa divulgou as escalações oficiais das duas equipes,
uma hora antes do jogo, foi difícil não se surpreender com uma
mudança promovida por Dunga. Cotado para assumir a função do meia,
que estava suspenso, Robinho ficou no banco de reservas, poupado. O
escolhido para substituir o atacante foi Nilmar, o que permitiu a
reedição de uma dupla com Luís Fabiano que funcionou bem em
amistosos antes do Mundial e nas últimas partidas das Eliminatórias.
Dunga também apostou em Daniel Alves e Júlio Baptista para os
lugares de Elano e Kaká, respectivamente.
Já o técnico de Portugal, Carlos Queiroz, manteve o atacante
Cristiano Ronaldo na equipe, e também escalou o brasileiro
naturalizado português Pepe, que fez sua estreia na Copa. Deco, com
dores na região lombar, não disputou a partida, e Liédson ficou no
banco.
O Brasil tomou a iniciativa nos primeiros minutos de jogo, mas
teve dificuldades para encontrar espaços na defesa portuguesa. A
saída proposta por Daniel Alves aos cinco minutos foi arriscar de
longe. Na ocasião, a bola passou perto do gol de Eduardo.
Porém, a solução tática da seleção brasileira para furar a
retranca lusa envolvia outra arma usada pelo lado direito, uma que
vem dando certo na Copa: as subidas de Maicon ao ataque.
O lateral fez uma, duas, várias investidas em sua faixa do campo,
e em algumas levou perigo aos portugueses. Mas seu esforço em idas e
vindas não foi suficiente para que o Brasil abrisse o placar na
etapa. Faltava um "algo a mais", faltava o drible, o capricho no
passe decisivo.
Ou seria sorte? Talvez no caso de Nilmar aos 30 minutos. Luís
Fabiano avançou pela direita e cruzou à meia altura para seu
parceiro de ataque, que disparou pelo lado oposto da área e, de
frente para o gol, teve seu chute desviado por Eduardo. A bola tocou
no travessão e Ricardo Carvalho afastou o perigo.
Pouco depois, após cruzamento de Maicon, Luis Fabiano "parou no
ar" ao melhor estilo Dadá Maravilha. Por falar no folclórico
ex-jogador, é provável que, ao ver a cabeçada do atacante raspar a
trave, ele tenha dito: "feio é não fazer gol".
Mas feio mesmo quem fez foi Felipe Melo. Trocou agressões com
Pepe e foi substituído por Josué aos 44 minutos. Não apenas por ter
levado um pisão no tornozelo, mas porque corria o risco de ser
expulso.
Se o Brasil ameaçou mais nos 45 minutos iniciais, Portugal, até
então focado em defender, resolveu sair para o jogo. E incomodou.
Cristiano Ronaldo, estrela apagada no primeiro tempo, puxou
rápido contra-ataque aos 15 minutos. Estava sozinho, contra quatro
jogadores. Lúcio foi destacado para combatê-lo, tomou sua frente e
deu a impressão de que faria o corte. Mas o português não desistiu e
levou vantagem. O zagueiro teve que dar um carrinho emergencial e ao
fazer o desvio, fez a bola chegar limpa para a finalização de Raúl
Meireles, que corria pelo meio. Júlio César, atento, saiu do gol e
espalmou o chute.
Na frente, o Brasil era um festival de erros. A bola não chegava
ao ataque, e Luís Fabiano voltava ao meio para tentar buscá-la, sem
sucesso. Arredia, a Jabulani se recusava a ser controlada. Talvez
porque estava sendo mal-tratada.
Júlio Baptista, que não foi o criador de jogadas que o meio de
campo brasileiro exigia, foi trocado por Ramires. Luís Fabiano deu
lugar a Grafite. Substituições tão pragmáticas quanto o futebol
apresentado em campo pelo Brasil.
Portugal também não saiu aplaudido de campo. Mas as duas seleções
se garantiram nas oitavas de final. Afinal, para alguns, não é isso
o que interessa?
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Ficha técnica:.
Portugal: Eduardo; Ricardo Costa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e
Duda (Simão); Pepe (Pedro Mendes), Raul Meireles (Miguel Veloso) e
Tiago; Fábio Coentrão, Danny e Cristiano Ronaldo. Técnico: Carlos
Queiroz.
Brasil: Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos;
Gilberto Silva, Felipe Melo (Josué), Daniel Alves e Júlio Baptista
(Ramires); Nilmar e Luís Fabiano (Grafite). Técnico: Dunga.
Árbitro: Benito Archundia (México), auxiliado por seu compatriota
Marvin Torrentera e pelo canadense Hector Vergada.
Cartões amarelos: Duda, Pepe, Tiago e Fábio Coentrão (Portugal);
Juan, Felipe Melo e Luís Fabiano (Brasil). EFE