Brasília, 13 jul (EFE).- O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira a fusão das indústrias de alimentos Perdigão e Sadia, que deram origem em 2009 à empresa Brasil Foods (BRF).
O organismo de defesa da concorrência deu sinal verde à transação por quatro votos a favor e um contra - o do relator do processo conselheiro Carlos Ragazzo,- segundo o site da "Agência Brasil".
Em junho, Ragazzo apresentou um relatório que pedia a desaprovação do negócio por encontrar indícios de uma concentração de mercado que acarretaria em um aumento dos preços dos alimentos e, portanto, da inflação.
Para aprovar a operação, o Cade e a BRF chegaram a um acordo que prevê a suspensão da venda de vários produtos de Perdigão no mercado por períodos de três a cinco anos, uma restrição que afeta 80% da produção.
O acerto determinado inclui a suspensão da venda de presunto, pernil e vitela por três anos, de salame por quatro anos e de lasanhas, pizzas e congelados por cinco anos.
Além disso, a marca Batavo, pertencente ao grupo, vai ter que cancelar por quatro anos a venda de carnes processadas, entre elas salsichas e hambúrgueres.
A Brasil Foods também vai ter que vender cadeias completas de produção, vários centros de distribuição, dez fábricas e quatro abatedouros.
O conselheiro do Cade Ricardo Ruiz explicou que as suspensões equivalem a uma produção de 730 toneladas por ano de alimentos, que correspondem a 80% da produção total da Perdigão destinada ao mercado interno e que não afeta às exportações.
Há dois anos, quando foi anunciada a fusão, a Brasil Foods contava com cerca de 120.000 empregados, clientes em cem países, exportações anuais de US$ 5 bilhões, além d e 42 fábricas processadoras de carnes.
Em virtude do acordo, a BRF se compromete a não lançar novas marcas que possam substituir as que estão sendo suspensas.
Ruiz declarou que as medidas adotadas têm a finalidade de atuar contra a concentração econômica e procura oferecer oportunidades de ingresso de terceiros no setor, em condições de concorrência.
A fusão entre a Sadia e a Perdigão foi anunciada em 2009, mas as negociações entre a BRF e o Cade se intensificaram a partir de junho após a apresentação do relatório de Ragazzo, que nesta quarta-feira manteve seu voto negativo.
Em sua opinião, a união de ambas as empresas apresenta um "cenário extremamente prejudicial" para o consumidor, especialmente para as classes mais desfavorecidas.
Após o anúncio do organismo, os papéis ordinários do grupo, integrados no Ibovespa se revalorizavam 10,15% e lideraram as altas do seletivo. EFE