BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta sexta-feira que eventuais ausências durante a votação do pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff vão gerar "suspeição", e argumentou que a falta não justificada terá o mesmo significado que o voto contra o impedimento.
A denúncia contra Dilma só pode ser admitida a partir do voto de 342 deputados entre os 513, e o governo articula para impedir a abertura do processo de impedimento no plenário da Câmara. A estratégia dos governistas é impedir que se chegue a esse número, seja por meio de votos contra o impedimento seja pela ausência de deputados no dia da votação.
"Eu acho pouco provável que algum parlamentar queira ficar para a História como ausente, sob suspeição de não participar de um processo desse", disse Cunha.
"Para nós, a gente vai entender... que quem está ausente é porque está votando pelo não acolhimento da denúncia", afirmou. "Ausência e voto contrário (à abertura do processo) é a mesma coisa."
Cunha, que rompeu com o governo em julho do ano passado, nega que esteja conduzindo o processo de forma a interferir no resultado final. Sobre a possibilidade de realização da votação da abertura do impedimento no dia 17, um domingo, voltou a dizer que seguirá as regras e prazos a partir do momento em que a comissão especial aprovar o parecer sobre a admissibilidade.
A comissão deve apreciar o relatório na segunda-feira. Uma vez aprovado, o parecer é lido na sessão ordinária da Câmara seguinte e posteriormente publicada. Após a publicação é necessário respeitar um prazo de 48 horas para que seja incluído na pauta, o que deve ocorrer na sexta-feira da próxima semana.
Como será dada a palavra a cada partido por 1 hora, e poderá haver debates, a previsão de Cunha é que a votação possa ocorrer no terceiro dia de discussão, no domingo.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)