Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia contra o real nesta quinta-feira, refletindo um rali da divisa norte-americana no exterior, enquanto o andamento da agenda do governo brasileiro sob as novas presidências no Congresso continuava no radar.
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Às 12:52, o dólar avançava 0,95%, a 5,4205 reais na venda. Na máxima, subiu 1,07%, a 5,4268 reais, e na mínima do meio da manhã caiu 0,25%, para 5,3562 reais.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas saltava 0,45%, para uma máxima desde 1º de dezembro. Peso mexicano e rand sul-africano --assim como o real, sensíveis à percepção global de risco-- caíam mais de 1%.
Dados de emprego da ADP mostraram na quarta-feira um aumento na criação de vagas nos EUA, enquanto dados do ISM indicaram que a atividade do setor de serviços atingiu seu nível mais alto em quase dois anos em janeiro.
Os dados positivos vieram em meio à busca de aprovação de mais 1,9 trilhão de dólares em estímulo econômico por parte dos democratas dos EUA. O Congresso norte-americano, controlado pelo partido Democrata, avançou na quarta-feira com uma manobra para aprovar um pacote de alívio do presidente Joe Biden sem apoio republicano.
Enquanto isso, no Brasil, o cenário político e econômico dominava a atenção dos mercados depois que o presidente Jair Bolsonaro entregou aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a lista de projetos prioritários do governo. O documento incluiu medidas como a reforma tributária e administrativa, além de privatizações e autonomia do Banco Central.
A semana tem sido marcada pela reação positiva dos mercados ao cenário político em Brasília, com a eleição de uma liderança alinhada ao governo no Congresso sendo vista como potencial impulso para a agenda de Bolsonaro. A divisa norte-americana caía 1% no acumulado da semana.
"As eleições na Câmara e no Senado e manifestação de compromisso das Casas com ajuste fiscal e respeito ao teto de gastos dão um sinal importante para o mercado, e por isso que o dólar voltou (recuou) um pouco", disse à Reuters Fábio Galdino, head de Fundos Imobiliários da Vero Investimentos.
Ainda assim, ele alertou para a persistência de cautela entre os investidores, que devem continuar acompanhando o cenário político e econômico e as condições da dívida pública.
Em ano marcado por explosão das despesas governamentais e encolhimento da arrecadação tributária diante do baque da pandemia da Covid-19, o rombo fiscal do setor público atingiu patamares sem precedentes em 2020, e a dívida pública bateu recorde, a 89,3% do PIB.
Diante desse cenário, um dos principais pontos de cautela para os investidores é a prorrogação do auxílio emergencial em resposta à Covid-19, com temores de que esses gastos estressem ainda mais a situação fiscal doméstica.
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Os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado comprometeram-se na quarta-feira a avaliar uma forma de retomar o auxílio emergencial, respeitando o teto de gastos.
Na véspera, o dólar spot teve alta de 0,25%, a 5,3695 reais na venda.