Quito, 7 jul (EFE).- O desejo da China de garantir fontes de recursos naturais para sua indústria aproximou o gigante asiático do Equador, do qual obtém atualmente 50% de seu petróleo em troca de empréstimos valiosos para um país que não tem acesso aos mercados de capitais, segundo analistas.
Há alguns anos, os Estados Unidos recebiam três quartos do petróleo do Equador, que atualmente produz cerca de 500 mil barris por dia, mas a China deslocou a potência norte-americana, o que representa um reflexo de sua presença cada vez mais importante na América do Sul.
A estratégia das autoridades de Pequim é importar insumos de baixo valor agregado, como soja argentina, cobre chileno e ferro peruano, e exportar manufaturas de crescente nível tecnológico, segundo um recente estudo da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal).
A China conquistou o Equador atraída por seu petróleo, mas também outros minérios, com uma tentadora oferta de empréstimos. Após a moratória de parte da dívida equatoriana em 2008, os mercados de capitais se fecharam para Quito.
Em outras circunstâncias, isso teria obrigado o Equador a pôr freio nos gastos fiscais, diante da escassez de financiamento externo. No entanto, graças em parte à entrada da China em cena, o Governo do presidente Rafael Correa pôde manter a aceleração dos investimentos.
A China forneceu ao Equador US$ 7,27 bilhões desde 2009, entre empréstimos e pagamentos antecipados de petróleo, um número que equivale a aproximadamente 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, embora parte dessa dívida já tenha sido abonada.
"O Equador encontrou alguém que podia lhe emprestar dinheiro rápido, mas eu acho que o custo é alto. Vamos terminar dependendo de um só fornecedor e o fornecedor provavelmente nos imporá as regras do jogo", explica à Agência Efe o analista Sebastián Oleas, professor de Economia da Universidade San Francisco de Quito.
Em sua opinião, a taxa de 6,9% de juros do último empréstimo, de US$ 2 bilhões é "extremamente alta".
Para fins de comparação, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outros organismos multilaterais emprestam fundos a juros menores, como reconheceu o ministro das Finanças equatoriano, Patrício Rivera, em entrevista à imprensa local.
No entanto, Rivera assinalou que os projetos em que se investirá o dinheiro têm rentabilidade de mais de 20%, por isso, segundo ele, não valeria a pena deixar de fazê-lo para economizar "dois ou três pontos de juros".
Além disso, o Equador rejeita as condições de política econômica impostas por entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber seus empréstimos. EFE