Atenas, 2 mar (EFE).- A economia europeia precisaria da injeção de um trilhão de euros para estabilizar seu sistema financeiro caso acontecesse uma eventual quebra incontrolável da Grécia, afirma relatório do Instituto Internacional de Finanças (IIF), publicado nesta sexta-feira pela revista grega "Athens News".
Segundo a publicação, que divulgou trechos do relatório em sua página digital, este estudo foi emitido de forma confidencial pelo IIF às autoridades europeias e gregas no dia 18 de fevereiro.
No caso de falta de pagamento por parte da Grécia, o IIF indica que a instabilidade se estenderia especialmente ao Banco Central Europeu (BCE), com uma exposição de 177 bilhões de euros à dívida grega, e poderia desestabilizar os países mais fracos da eurozona: Portugal, Irlanda, Itália e Espanha.
O instituto calcula que para evitar a quebra da Irlanda e de Portugal seria necessária uma injeção de 380 bilhões, já que os sistemas financeiros destes países dependem da liquidez do BCE, que por sua vez, passaria por grandes dificuldades com seus balanços.
Para evitar que a instabilidade se transfira à Itália e à Espanha seriam necessários outros 350 bilhões para lubrificar o sistema financeiro nesses países e evitar um colapso financeiro.
Além disso, seriam necessários outros 160 bilhões de euros apenas para recapitalizar os bancos mais expostos à dívida grega.
Este dinheiro seria necessário para manter o funcionamento do sistema financeiro europeu, mas o custo total para a economia de todo o planeta seria muito maior.
"Seria um golpe direto à demanda agregada global e aos fluxos comerciais, já que a zona do euro representa 26% do comércio mundial", adverte o relatório.
O IIF, que agrupa mais de 400 entidades financeiras de todo o mundo, negociou com a Grécia o perdão de parte de sua dívida, um plano que tem como objetivo torná-la mais sustentável para que, ainda sofrendo perdas a curto prazo, os investidores que têm bônus gregos possam recuperar seus fundos com lucro a longo prazo.
A Grécia lançou há uma semana a oferta oficial para a troca de bônus estatais, que prevê o perdão de 107 bilhões de euros de seus bônus nas mãos de bancos e outros investidores privados, algo a mais que um quarto de sua dívida de 360 bilhões, mais de 160% do Produto Interno Bruto (PIB). EFE