SÃO PAULO (Reuters) - Em “Os Penetras 2 – Quem dá mais?”, sequência do sucesso de 2012, Beto (Eduardo Sterblitch) é o protagonista absoluto. O que significa aguentar seu jeitinho um tanto infantilizado de ser, viver e falar durante todo o filme. É um teste de resistência para qualquer público, e a recompensa não é lá muito grande.
Com um humor sem graça e um roteiro mal-resolvido, a comédia de Andrucha Waddington (“Sob Pressão”) começa com Beto e seu colega Marco (Marcelo Adnet) comemorando mais um golpe. Porém, o segundo foge e o protagonista fica tão triste que acaba internado numa clínica psiquiátrica até descobrir que o amigo morreu. Aí, resolve ir à missa, de onde sai com as cinzas para jogar no mar.
Beto acaba reunido novamente com o trambiqueiro Nelson (Stepan Nercessian), quando conhece o milionário Santiago (Danton Mello), que contrata os serviços de Laura (Mariana Ximenes) para acompanhá-lo a um leilão. A ideia é apresentar-se a um mafioso russo, Oleg (Mikhail Bronnikov), e dar um golpe nele.
A trama pueril e previsível se resume a uma sucessão de piadas fracas. A ausência de Adnet durante o filme (ele aparece apenas algumas vezes como fantasma para ajudar ao amigo) evidencia quão frágil é o humor do longa, bem como o protagonista. Beto não é uma figura carismática o suficiente para segurar um filme sozinho. Falta um personagem mais cínico para dar um contraponto à sua ingenuidade irritante. Esse papel poderia ficar com Santiago, mas este, no fundo, é só um pretexto para colocar o russo em cena.
Se no primeiro “Os Penetras” havia a celebração de uma espécie de malandragem do bem, aqui o filme se contenta com um humor histriônico sem muito efeito cômico. Sterblitch é esforçado e comprometido, mas seu personagem é ingrato. Deixá-lo carregar o filme todo nas costas sozinho é simplesmente improdutivo.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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