Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com leve alta ante o real nesta segunda-feira, com os investidores em compasso de espera pela decisão de política monetária nos Estados Unidos nesta semana, mas sem abandonar a cena política local.
O dólar avançou 0,28 por cento, a 3,1522 reais na venda, depois de ter ido a 3,1614 reais na máxima do dia. O dólar futuro exibia alta de cerca de 0,30 por cento no final da tarde.
"O mercado ficou meio parado hoje... O temor é o Fed sinalizar mais do que três altas de juros", afirmou o sócio da Omnix Corretora, Vanderlei Muniz.
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anuncia na quarta-feira sua decisão sobre o futuro da política monetária do país. Pesquisa Reuters mostrou que os principais bancos de Wall Street foram quase unânimes ao afirmar que o Fed vai aumentar as taxas de juros agora, após dados de emprego mais fortes do que previsto em fevereiro.
Em dezembro, o Fed subiu a taxa de juros 0,25 ponto percentual, para a faixa de 0,50-0,75 por cento, e, por enquanto, a visão é de que mais duas outras altas venham neste ano.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
Lá fora, o dólar operava com leves variações frente a uma cesta de moedas, também com o mercado refém do Fed.
Internamente, os investidores estiveram em compasso de espera para a lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedidos de abertura de inquérito para investigar políticos com base nas 77 delações de executivos da Odebrecht. A lista, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, deve chegar a 30 pessoas com foro privilegiado e pode incluir membros do primeiro escalão do governo.
"O cenário político ganha peso no Brasil, com a divulgação da lista do Janot. Conforme citamos anteriormente, o famoso 'telhado de cristal' do governo é notório", afirmou a Infinity Asset em relatório a clientes.
Essa turbulência política aumentava o temor no mercado de que reformas consideradas essenciais para colocar o país em rota de crescimento novamente, como a da Previdência, possam ter problemas para aprovação no Congresso Nacional.
O Banco Central continuou fora do mercado de câmbio, sem anunciar qualquer tipo de intervenção para esta sessão. Ainda havia no mercado expectativa sobre o que o BC fará com os swaps tradicionais que vencem em abril, equivalente a 9,711 bilhões de dólares, se fará alguma rolagem ou não.