Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante real nesta sexta-feira, com investidores testando a tolerância do Banco Central à escalada da divisa, que renovou a máxima em sete meses durante o pregão.
O movimento teve como pano de fundo a última pesquisa do Datafolha, que reforçou a perspectiva de disputa acirrada no segundo turno das eleições entre a ex-senadora Marina Silva (PSB), preferida pelos mercados, e a presidente Dilma Rousseff (PT).
A moeda norte-americana subiu 0,33 por cento, a 2,3727 reais na venda, após atingir 2,3862 reais na máxima do dia, nível mais alto desde meados de fevereiro. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,2 bilhão de dólares.
"Ainda tem tempo para as eleições, o que significa que o mercado tem muito espaço para especular. E muita gente aproveita essa volatilidade para ver até que nível o BC aceita o dólar", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Desde que as mais recentes pesquisas eleitorais começaram a mostrar a presidente Dilma ganhando terreno na corrida presidencial, o dólar tem se valorizado ante a moeda brasileira.
O fortalecimento da divisa norte-americana também foi sustentado por perspectivas de que o aperto monetário nos EUA seja mais acentuado do que o projetado há alguns meses.
Com isso, cresceram as expectativas de que o BC brasileiro possa aumentar a rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, para evitar pressão inflacionária decorrente do encarecimento dos produtos importados.
Nesta semana, o dólar acumulou alta de 1,61 por cento.
Até agora, contudo, o BC vem mantendo a oferta diária de até 6 mil contratos de swap para a rolagem do lote que vence em 1º de outubro. Ao todo, o BC já rolou cerca de 44 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares.
O BC também manteve nesta manhã a venda integral de até 4 mil swaps pelas atuações diárias. Foram vendidos 2,6 mil contratos para 1º de junho e 1,4 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 198 milhões de dólares.
O dólar chegou a recuar pela manhã, refletindo o quadro externo menos negativo após a Escócia rejeitar proposta de independência. Segundo o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold, a decisão "está aliviando um pouco a pressão que a gente viu recentemente".
A Escócia rejeitou a proposta de independência que ameaçava cindir o Reino Unido, o que poderia semear turbulência nos mercados financeiros e diminuir a influência mundial que o país ainda tem.