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Crise em países europeus será maior desafio do novo diretor-gerente do FMI

Publicado 27.06.2011, 20:30

Teresa Bouza.

Washington, 27 jun (EFE).- A grave crise pela qual atravessa a Grécia e a frágil situação de outros países europeus como Irlanda, Portugal e Espanha prometem ser o principal desafio do novo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O organismo anunciará em 30 de junho o nome de seu novo diretor-gerente, cargo pelo qual concorrem o governador do Banco Central mexicano, Agustín Carstens, e a ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, que é considerada favorita.

A percepção, cada vez mais generalizada, de que a Grécia terá que reestruturar ou declarar uma falta de pagamento de sua dívida apesar do pacote de resgate só reforça a ideia do que a Europa representará para o novo responsável pelo organismo.

"O principal desafio atualmente está na Europa, onde a Grécia inevitavelmente terá que reestruturar ou declarar uma moratória de sua dívida e onde também há problemas em outros países periféricos", disse à Agência Efe Mark Weisbrot, codiretor do centro de estudos Center for Economic and Policy Research de Washington.

Mohammed El-Erian, presidente da Pimco, a maior gerente de fundos de renda fixa do mundo, também previu na semana passada que a Grécia declarará uma moratória.

"Nada foi feito para impulsionar o crescimento. Nem um só indicador grego mostrou força", disse Erian em uma videoconferência na qual afirmou não ter a mínima dúvida de que a Grécia terá que se declarar em quebra.

Os governantes europeus sustentaram que esse momento crítico pelo qual a Europa atravessa torna necessário que um representante do continente assuma o cargo máximo do FMI.

O organismo é dirigido por um europeu desde sua criação em 1945 e de seus dez diretores-gerentes quatro foram franceses - Pierre-Paul Schweitzer, Jacques de Larosière, Michel Camdessus e Dominique Strauss-Kahn -, que dirigiram a instituição durante 36 de seus 65 anos de funcionamento.

Os analistas e o próprio Carstens alertaram que o organismo multilateral tem que ter cuidado no atual processo de seleção, já que, para alguns, corre o risco até mesmo de perder sua legitimidade.

"A eficácia do fundo está intrinsecamente vinculada a sua legitimidade", disse Carstens na última terça-feira em seu discurso perante o conselho executivo do FMI.

O alto funcionário mexicano lembrou que desde pelo menos 2005 existe um consenso no Grupo dos Vinte (G20, que reúne os principais países desenvolvidos e emergentes), de que o processo de seleção do diretor-gerente deve ser "transparente, justo, baseado em méritos e independente de sua nacionalidade".

"Já passou da hora de se cumprir esse acordo", ressaltou Carstens.

Curiosamente, Christine Lagarde afirmou na quinta-feira, durante sua passagem por Washington, que quer um FMI "mais legítimo".

Independente de quem seja o ganhador, o novo diretor-gerente do fundo herdará um organismo enormemente poderoso, muito diferente do que recebeu Strauss-Kahn em 2007, quando o fundo vivia uma profunda crise de identidade e alguns questionavam inclusive sua viabilidade.

Em setembro desse ano, quando Strauss-Kahn passou a substituir o espanhol Rodrigo Rato, o organismo tinha déficit e falava de cortes de salários e em seu quadro de funcionários para lidar com a única crise que enfrentava então: sua crise interna.

O próprio Strauss-Kahn, que renunciou no mês passado após ser acusado de tentativa de estupro, refletia essa situação em entrevista pouco antes de sua escolha para o cargo.

"O que pode estar em risco agora é a própria existência do FMI como a instituição encarregada de oferecer ajuda financeira ao mundo", disse na ocasião o ex-ministro francês.

No ano passado, pelo contrário, o FMI concedeu empréstimos no valor recorde de US$ 91,7 bilhões

A isso se soma seu destaque no planejamento do primeiro pacote de resgate à Europa Ocidental em décadas.

Apesar dos problemas, o analista Colin Bradford, do Brookings Institution de Washington, considera qie o FMI é a organização internacional mais importante do mundo.

"Não há dúvidas de que seja, mais que a Organização Mundial do Comércio, que a ONU e que o Banco Mundial", disse Bradford. EFE

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