Washington, 25 jan (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global crescerá 4,4% neste ano, acima de 4,2% antecipado há três meses, graças a uma atividade melhor do que a esperada na reta final de 2010.
As novas projeções apontam para um crescimento global de 4,5% em 2012. Em linha com outras ocasiões, o FMI nesta terça-feira diz que a recuperação em andamento corre em duas velocidades, com os países emergentes à frente do pelotão e os desenvolvidos em um distante segundo lugar.
O organismo, que publicou nesta terça a versão atualizada de seu relatório semestral "Perspectivas Econômicas Mundiais", destacou que nas economias avançadas a atividade foi mais moderada do que o esperado.
Mesmo assim, o desemprego continua sendo elevado e as tensões nos países periféricos da zona do euro aumentam os riscos.
Bem diferente é o panorama nos países emergentes, onde a atividade é "crescente", mas a bonança tem seus riscos, como a inflação e a dificuldade derivada do contínuo desembarque de capital.
O organismo multilateral explicou que a revisão para cima das projeções de crescimento "reflete uma realidade mais sólida do que a esperada no segundo semestre do 2010, assim como novas iniciativas nos Estados Unidos que impulsionarão a atividade este ano".
Apesar do cenário propício, a economia planetária enfrenta inúmeros riscos.
O relatório menciona entre os requisitos "mais urgentes" para uma robusta recuperação, ações "amplas e rápidas" para superar os problemas financeiros e de dívida soberana na zona do euro.
Somam-se a isso as medidas para diminuir os desequilíbrios fiscais e "reparar e reformar" os sistemas financeiros das economias avançadas em geral.
O estudo lembra que os investidores seguem nervosos diante das potenciais perdas dos bancos europeus e lembra que os testes de solvência realizados entre as entidades financeiras da região não conseguiram afastar os temores.
Para enfrentar o problema, o organismo considera necessário realizar novos testes de solvência que sejam "mais realistas, amplas e rigorosas" que as cometidas até agora, o que aumentará a transparência.
Os testes devem ser acompanhados de uma rápida recapitalização, diz o organismo. O FMI destacou que a vulnerabilidade da dívida soberana na Europa ressalta a necessidade em apostar em uma via fiscal "mais sustentável".
Isso ocorre ainda em outros países, como os Estados Unidos, cujo déficit fiscal espera-se alcance 10,75% em 2011, mais que o dobro que na zona do euro, e a dívida do Governo exceda 110% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016.
O FMI alerta que a ausência de uma estratégia fiscal crível no médio prazo impulsionará as taxas de juros nos Estados Unidos, o que poderia ser negativo para os mercados e a economia global.
O organismo prevê em seu relatório que os preços das matérias-primas seguirão altos devido à força da demanda e adianta que o barril de petróleo rondará os US$ 90 em 2011, frente aos US$ 79 previstos em outubro.
Com relação às matérias-primas, o organismo adianta aumento de 11% nos preços em 2011, devido ao dano causado nas colheitas em 2010 porque o mau tempo foi maior do que o esperado.
Por outro lado, a atualização do relatório "Estabilidade Financeira Global", divulgada também nesta terça-feira, adverte que essa estabilidade ainda está em perigo.
O estudo assinala que a reestruturação dos balanços ainda não foi completada e avança lentamente e insiste em que o setor financeiro ainda é "alto".
A análise aponta como "crítica" a interação entre os riscos bancários e de dívida soberana na zona do euro e insiste nas necessidades políticas para diminuir a vulnerabilidade fiscal e bancária.
Em nível global, é preciso reformas para conseguir que o setor financeiro pise terreno firme.
O FMI aconselha, além disso, que os mercados emergentes permaneçam alerta diante da possível formação de bolhas de ativos e crédito excessivo.
O relatório adverte que parecem estar surgindo "pontos quentes" nos mercados de valores de países latino-americanos como Colômbia, México e Peru.
A apresentação oficial da atualização dos relatórios será realizada nesta terça-feira em Johanesburgo, em entrevista coletiva com a participação do responsável pelo departamento de Assuntos Monetários e Mercados do FMI, o espanhol José Viñals, e o economista-chefe do organismo, Olivier Blanchard. EFE