SÃO PAULO (Reuters) - A Via Varejo, divisão de móveis e eletrodomésticos do Grupo Pão de Açúcar, dará foco ao volume de vendas no quarto trimestre, investindo em preços mais baixos e melhores condições para ganhar os consumidores em um período tradicionalmente forte para o varejo.
O diretor-presidente da companhia, Líbano Barroso, disse à Reuters que a ideia é aproveitar o momento, reforçado por datas como Natal e Black Friday, para dar impulso às vendas, com o ganho de rentabilidade ficando em segundo plano.
No terceiro trimestre, a dona das redes Pontofrio e Casas Bahia viu sua margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingir 10,1 por cento pelo critério ajustado, alta de 1,5 ponto percentual sobre igual período do ano passado e em resultado recorde para a companhia.
O avanço foi guiado pelo plano de melhoria de eficiências operacionais conduzido pela empresa, que compensou um crescimento de apenas 0,7 por cento da receita líquida na comparação anual, a 5,3 bilhões de reais no trimestre.
Segundo Barroso, a Via Varejo ainda enxerga a possibilidade de ganhos de produtividade, além de ganhos operacionais e administrativos. Mas agora eles serão direcionados para atrair o consumidor.
"Estamos satisfeitos com esses nossos níveis de rentabilidade. Estrategicamente o posicionamento será de ganhos adicionais revertendo para competitividade", disse o executivo, observando que o movimento não é restrito à oferta de melhores preços, também contemplando melhor oferta de produtos, de experiência em lojas e de condições de financiamento.
Em teleconferência com analistas mais cedo, o executivo afirmou ver a possibilidade de um quarto trimestre positivo para as vendas apesar da forte base de comparação com igual etapa do ano passado.
"Estamos encorajados inclusive pela performance que estamos vendo em outubro", afirmou.
MENOS GENTE
A Via Varejo encerrou setembro com mais de 4.000 funcionários em tempo integral a menos do que começou o ano. Na comparação com o trimestre anterior, a redução foi de quase 1.500 pessoas, para 56.918 empregados nesse regime.
Questionado sobre a diminuição do quadro, Barroso afirmou que o movimento reflete a terceirização da frota.
"Há três anos tínhamos 100 por cento da frota, hoje temos 27 por cento de frota própria", disse o executivo, acrescentando que a companhia deverá manter esse nível, que lhe dá flexibilidade para aumentar a capacidade em momentos de alta demanda.
Com isso e em vias do plano de expansão de lojas, a expectativa é que a redução de pessoal "acabe diminuindo", disse Barroso.
Depois de reiterar a meta de abrir 70 lojas em 2014, ele disse à Reuters que o plano de inaugurar 210 lojas até 2016 está "vivo e mantido".
"Claro que (cenário) macro é importante, mas nós formamos essa análise de expansão a partir do micromercado", disse. "Mantemos o nosso plano porque entendemos que país tem muitas oportunidades e tem baixa penetração em produtos duráveis em várias regiões", completou.
(Por Marcela Ayres; s)