La Paz, 15 jun (EFE).- O governo boliviano prepara um projeto de lei para que os produtores de folha de coca, que até agora não pagavam impostos, comecem a ser tributados por comercializar a planta, informou a imprensa local.
"Temos uma surpresa. Estamos trabalhando em uma lei sobre a comercialização da folha de coca. Há avanços bons e ali vemos total e completa predisposição dos companheiros cocaleiros de serem tributados", disse o ministro de Economia, Luis Arce, citado pelo jornal "Pagina Siete".
Segundo Arce, os produtores de folha de coca do país "nunca se negaram a pagar impostos", ao contrário de outros setores como o de açougueiros, ao qual o Executivo exige atualmente que comecem a pagar impostos, o que provocou uma greve do setor.
O próprio presidente boliviano, Evo Morales, é há vários anos líder sindical dos cocaleiros da zona de Chapare, embora ele garanta se tratar de um cargo simbólico.
A coca tem usos legais, culturais e industriais na Bolívia, mas cerca de metade da produção, reconheceram as autoridades, é desviada para o narcotráfico para a produção de cocaína.
Os cocaleiros pagam US$ 0,70 a uma direção estatal de controle da planta pela comercialização do "taque" de coca, equivalente a 50 libras, saca que é vendida a preços que oscilam entre US$ 200 e US$ 370.
O projeto de legislação para o pagamento de impostos é discutido atualmente entre os sindicatos dos produtores de coca, que preveem se reunir com Morales nos próximos dias.
A Bolívia tem, formalmente, entre 70 mil e 75 mil produtores de coca, distribuídos entre a região de Chapare do departamento de Cochabamba e Yungas, no departamento de La Paz.