🔺 O que fazer quando os mercados estão em níveis recordes? Ache ações baratas, como essas.Ver ações baratas

Nível de metais na água mais de 1 ano após desastre da Samarco acende alerta

Publicado 21.06.2017, 19:08
© Reuters. Destroços da escola municipal de Bento Rodrigues, que ficou coberta por lama após uma barragem da Samarco, uma joint venture entre Vale e  BHP Billiton, se romper em Mariana, no Estado de Minas Gerais
VALE3
-

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O vazamento de rejeitos de mineração da barragem da Samarco em Mariana (MG), em novembro de 2015, afetou profundamente o meio ambiente, destacaram nesta quarta-feira especialistas que fizeram pesquisas na área por mais de um ano, apontando aumento nos teores de ferro e alumínio na água, com riscos ainda não mapeados para os seres humanos.

Em apresentação dos resultados de três expedições de monitoramento dos impactos da lama que vazou da barragem de Fundão, o professor Alex Bastos, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), disse que o desastre foi o maior do mundo em volume de rejeitos deslocados e que, para além dos efeitos agudos sentidos imediatamente após o episódio, como a contaminação do pescado, foram observadas alterações ambientais crônicas.

"Você não tem mais aquele volume de material chegando, mas esse material que chegou também ficou retido no rio e está sendo aos poucos disponibilizado para o ambiente costeiro e marinho", disse ele.

A Samarco, uma joint venture da mineradora Vale (SA:VALE5) com a BHP Billiton, interrompeu suas atividades após o rompimento de uma de suas barragens de mineração em Mariana, há 19 meses. O colapso matou 19 pessoas. A lama poluiu o importante rio Doce, que percorre diversas cidades para desaguar no litoral do Espírito Santo.

"O que a gente viu depois de mais de um ano de dados coletados foi que quando o rio aumentou o seu nível, nós tivemos um aumento, um retorno de altos teores de ferro e alumínio. Da mesma maneira, os índices que a gente mede dessa comunidade planctônica... eles nunca retornaram a valores prévios ao acidente em termos de riqueza, diversidade", afirmou Bastos.

Ele ressaltou ser necessário prosseguir o monitoramento para analisar, por exemplo, se novos processos podem voltar a contaminar o pescado, já que o fundo marinho passou a ter maiores teores de metais.

Os dados reunidos pelos pesquisadores serão consolidados num relatório que deverá ser finalizado em cerca de duas semanas, afirmou o diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do Instituto Chico Mendes, Marcelo Marcelino. O órgão é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

"Nos preocupa principalmente a questão do aumento do ferro disponível na água, os efeitos que isso pode ocorrer na cadeia trófica, significa que nós temos ambiente ainda sob stress", afirmou.

Também presente na apresentação, o professor Adalto Bianchini, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), sublinhou que os metais, quando liberados, ficam retidos no ambiente. E que o excesso de ferro pode causar "sérias consequências" pelo fato de ser um elemento capaz de gerar uma espécie tóxica dentro do organismo.

"Esses metais que foram acumulados na base da cadeia trófica geraram peroxidação lipídica --isso é um dano biológico considerável... Tanto é que está na base inclusive da geração do câncer de mama e de pele humana, por exemplo", disse.

Por conta do rompimento da barragem, o Ministério Público Federal havia ajuizado uma ação de 155 bilhões de reais, enquanto em outro processo, acertado com a União, Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, havia previsão de pagamentos de 20 bilhões de reais em reparações.

Contudo, em meados de março a 12ª Vara Federal Cível/Agrária de Minas Gerais suspendeu ações que pediam indenizações bilionárias relacionadas ao desastre, visando dar unidade aos processos judiciais.

© Reuters. Destroços da escola municipal de Bento Rodrigues, que ficou coberta por lama após uma barragem da Samarco, uma joint venture entre Vale e  BHP Billiton, se romper em Mariana, no Estado de Minas Gerais

Segundo o professor Heitor Evangelista, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), não foi detectada uma mudança na assinatura mineralógica do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Bahia, decorrente do rompimento na barragem após coleta e análise de material na região, que é considerada uma das áreas de maior biodiversidade de corais do Atlântico.

Mas ele ressalvou que também nesse caso será preciso seguir com o trabalho de análise.

"O que ocorre em Abrolhos hoje ainda é um processo pouco intenso, mas cuja magnitude a gente só vai poder caracterizar se houver monitoramento contínuo", disse.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.