Juan Antonio Sanz.
Madri, 28 mai (EFE).- O Governo espanhol revisou hoje para baixo
suas previsões de crescimento para os próximos anos e reconheceu que
o desemprego, que já afeta quase 20% da população ativa, será maior
que o previsto pelo menos até 2013.
Enquanto ainda soa o eco da tempestuosa sessão parlamentar de
ontem, na qual o Governo aprovou com um só voto de vantagem seu
polêmico plano de ajustes para reduzir o déficit público, os dados
revelados hoje pelo Conselho de Ministros avivaram a inquietação
sobre a economia espanhola.
Os planos de redução da dívida pública transtornaram todo o
quadro macroeconômico espanhol, com revisões em baixa na maior parte
dos componentes da economia para o período entre 2010 e 2013, do
emprego ao crescimento, passando por investimentos e consumo.
Segundo os números mostrados hoje pelo Executivo, o desemprego,
principal preocupação dos espanhóis, fechará 2010 com 19,4% da
população ativa, quatro décimos acima de sua última previsão.
Em 2011, o desemprego se situará em uma média de 18,9%, cinco
décimos a mais que os cálculos anteriores.
Embora em 2012 e 2013 as novas previsões do Governo contemplem
uma redução do desemprego para 17,5% e 16,2% , respectivamente,
estas estimativas são também piores que as anteriormente calculadas.
Além disso, a economia espanhola crescerá menos nos próximos três
anos: 1,3% em 2011 (cinco décimos a menos que a estimativa
anterior), 2,5% em 2012 (contra 2,9%) e 2,7% em 2013 (quatro décimos
a menos).
O investimento cairá 7,2% em 2010, uma queda sete décimos maior
que a previsão anterior, e em 2011 descerá 1,3%, enquanto antes se
pensava que poderia crescer 0,3%.
Já em 2012 haverá um aumento dos investimentos, mas será de 4%, e
não de 4,2% como o previsto anteriormente, enquanto em 2013 o
aumento será de 5,4%, cinco décimos menor.
Em sua batalha contra a crise econômica, o Governo também
anunciou hoje que o teto de despesa para o próximo ano será de
122,256 bilhões de euros, 7,7% a menos que o orçamento inicial de
2010.
Em entrevista coletiva após o Conselho de Ministros desta
sexta-feira, a vice-presidente primeira do Governo espanhol, María
Teresa Fernández de la Vega, explicou que o corte segue a linha da
"austeridade necessária" para seu Executivo.
A vice-presidente segunda do Governo e ministra da Economia e
Fazenda, Elena Salgado, especificou que a despesa dos ministérios
será reduzida em 15% "ou mais" em 2011.
Segundo María Teresa, no ano que vem será preciso um "grande
esforço de contenção" para reduzir o déficit, até que fique abaixo
de 3% do PIB em 2013, como reivindicam as autoridades econômicas da
União Europeia (UE), que acompanham cada detalhe das tentativas do
Governo espanhol de controlar a crise.
O decreto-lei, que estabelece a redução dos salários dos
funcionários públicos, o congelamento das pensões e o corte do
investimento, foi aprovado no Congresso dos Deputados (câmara baixa
do Parlamento espanhol) por 169 votos a favor, 168 contra e 13
abstenções.
Após a votação, a principal força da oposição na Espanha, o
conservador Partido Popular (PP), pediu a antecipação das eleições
gerais, como "um ato de responsabilidade".
O pleito geral na Espanha está convocados para 2012, um ano antes
das eleições locais e autônomas.
No entanto, a vice-presidente primeira negou a possibilidade e
reiterou que os cidadãos dão sua confiança ao Executivo para um
período de quatro anos, um tempo que não terminou ainda, ressaltou.
"Estamos fazendo o que temos que fazer, não o que gostaríamos de
fazer, e o estamos fazendo por responsabilidade com os cidadãos e
com o país", assegurou María Teresa.
Ainda hoje, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a
qualificação da dívida espanhola da categoria AAA para AA+, porque
considera que a recuperação econômica do país será "mais difícil e
prolongada" do que para outras economias com a mesma nota. EFE